Antiga casa do coveiro hoje é um centro de referência cultural na região de Parelheiros
O distrito de Parelheiros, no extremo sul da cidade de São Paulo é uma área de patrimônio ambiental, conhecida pelas represas que abastecem boa parte da cidade e abrigar comunidades indígenas em plena metrópole. Por outro lado, tem altos índices de violência em uma área considerada de extrema vulnerabilidade social.
É nessa região de contrastes que surgiu a Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, localizada dentro do cemitério da região, na antiga casa do coveiro. Mesmo assim, a sede inusitada, criada em 2008, não tem nada de macabra, pelo contrário: tornou-se um dos grandes atrativos turísticos do local. “Queríamos mudar a visão que as pessoas têm sobre os cemitérios”, conta Sidineia Chagas, 26 anos, uma das gestoras do espaço.
A biblioteca dentro do cemitério surgiu com apoio do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), que há 36 anos atua na área de direitos humanos e educação, especialmente em favor da população vulnerável. A organização reuniu jovens da comunidade para ouvir quais eram suas demandas e eles pediram um espaço de leitura.
Sidineia é a mais velha do grupo responsável pela biblioteca comunitária, formado ainda pelos jovens Silvani Chagas (22 anos), Bruno Souza de Araújo (22), Ketlin Santos (21) e Suellen de Bessa (17). Juntos, eles cuidam de diversos projetos realizados dentro e fora do espaço em Parelheiros e fazem o papel de articuladores com a comunidade.
Aprendizado e novos horizontes
O que começou como um trabalho voluntário há nove anos agora é uma perspectiva de futuro para os cinco jovens. Hoje eles recebem uma bolsa auxílio do IBEAC para tocar o projeto e já estão na faculdade.
“A formação acadêmica fortalece o trabalho que estamos realizando aqui, que é nossa segunda casa e onde descobrimos nossos sonhos, desejos e os caminhos profissionais que queremos seguir”, diz Sidineia, estudante de administração.