O evento Educação 360, apoiado pela Fundação Telefônica Vivo, deu voz a estudantes de todo o Brasil
Segunda-feira, 16 de abril. Apesar do vento frio e do céu nublado, o clima pegava fogo dentro do Museu do Amanhã, principal ponto turístico da região portuária do Rio de Janeiro e palco do Educação 360 Jovem, evento que reuniu mais de 80 jovens de todo o Brasil, alguns inclusive integrantes dos nossos programas Pense Grande e Inova Escola, para discutir novos caminhos para o ensino médio.
A 5ª edição do Educação 360 foi, pela primeira vez, totalmente voltada ao protagonismo juvenil. Em cima do palco ou com o microfone nas mãos, jovens passaram o dia debatendo sobre currículo escolar, metodologias de ensino e caminhos para aumentar a participação dos estudantes.
O recado era claro: “A gente precisa de um ensino médio que nos prepare não para uma prova, mas para exercer papel mais ativo e crítico. Queremos saber o que está acontecendo na sociedade e ter condições de participar dela”, declarou à plateia a estudante Eduarda Pessotti, de 16 anos.
O evento contou com o apoio da Fundação Telefônica Vivo, que promoveu oficinas voltadas ao desenvolvimento de habilidades empreendedoras e trouxe para o debate estudantes de escolas que integram os programas Inova Escola e Pense Grande.
A Fundação Telefônica Vivo participou de duas atividades no Educação 360 Jovem: com quatro jovens da Escola André Urani (RJ), uma das unidades apoiadas pelo Programa Inova Escola, que atuaram em uma mesa de debates, e a outra com o Pense Grande, programa de difusão da cultura empreendedora para jovens, com oficina do Jogo Se Vira, uma dinâmica com situações da vida real que ajuda o jogador a desenvolver atitude empreendedora.
Escuta ativa
Dois dos estudantes convidados pela Fundação Telefônica Vivo, Tamires de Jesus Costa e Marcos Vinicius Oliveira, participaram do painel que trouxe um panorama do ensino médio no Brasil e foi mediado pelo escritor Marcelo Rubens Paiva.
“A gente tem muito o que mudar: a convivência entre aluno e professor, as metodologias de ensino, o uso de tecnologia na escola e a cobrança que se faz de que precisamos estudar para o Enem”, enumera Tamires, que estuda no Colégio Estadual Norma Ribeiro, de Salvador (BA).
Já Marcos Vinicius, da ETEC Pirituba, em São Paulo, arrancou gargalhadas da plateia com seu apelo aos pais: “Não digam aos seus filhos que eles só estudam. Estamos numa fase complicada, cheio de hormônios e com o psicológico todo abalado. Passamos por umas tretas que vocês nem imaginam”, afirmou.
Além de críticas ao ensino médio que só favorece os conteúdo de avaliações, e o encorajamento a novas metodologias de ensino, os estudantes falaram sobre diversidade, igualdade de oportunidades, luta contra o preconceito de gênero e representatividade de regiões mais periféricas, especialmente do Norte e Nordeste do país.
Um dos debatedores, o psicólogo Gabriel Medina, membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal, foi quem resumiu tudo o que emergiu do Educação 360 Jovem.
“Estes jovens estão produzindo uma forma de participação que nada ter a ver com os movimentos estudantis dos anos 60. É uma geração que fala de questões raciais e de gênero, de mobilidade, de relações mais horizontalidades. Eles querem ter sua identidade respeitada. É a geração do fazer, que não fica só na teoria”.
Para Júlia Camelo Fernandes, 13, da EM André Urani (RJ), o dia foi de aprendizado. “Incrível, vou levar muito conhecimento para casa”.
Luiza Vicente de Oliveira, 13, também é representante da EM André Urani (RJ) e se diz maravilhada com a oportunidade de ter sua voz ouvida e ampliada durante o evento. “Queremos nos expressar e falar tudo o que queremos”.
Na opinião de Abigail Lima os Santos, 16, o diálogo também foi o ponto alto do Educação 360° Jovem. “Ter minha voz ouvida é importante”, disse a estudante da ETEC de Itaquera (SP).
Victoria Ranieri Laguna, 12, da EMEF Desembargador Amorim Lima (SP), é uma das mais novas estudantes a participar do evento e tem um recado: “Quando eu chegar no Ensino Médio, espero ver implementadas muitas das mudanças que nós discutimos aqui hoje. Se isso não acontecer, sei que devo continuar lutando pela educação que quero”.
Depois de ter participado do painel da manhã, o estudante da ETEC Pirituba (SP) Marcos Vinicius Oliveira de Souza, 16, aproveita o tempo livre para fazer o que ele chama de intercâmbio de informações. “Aqui é uma oportunidade de a gente trocar experiências com pessoas de muito longe e que, em outras situações, não teríamos contato”.
Tamires de Jesus, 17, também participou de um dos painéis do evento, como representante da Escola Estadual Norma Ribeiro (BA). Ela resume a experiência como “um dia de grande conhecimento”.
Já Luã dos Santos Silva, 16, se diz estimulado pela garra de outros jovens que, apesar de vindos de outros lugares do Brasil, têm pensamentos parecidos com os seus. “São características diferentes, mas objetivos parecidos. Quando você junta todo mundo com essa vontade de mudar as coisas, parece que é só botar em prática”, diz o estudante da Escola Estadual Norma Ribeiro (BA).
A palavra diversidade representou o Educação 360 Jovem na visão de Nicole Souza Caggiano, 14, estudante da EMEF Desembargador Amorim Lima (SP), uma das escolas do Inova Escola. “Estar aqui num evento completamente pensado por nós, com a possibilidade de representar os jovens de todo o Brasil e ainda fazer novos amigos é uma oportunidade única”.