Conversamos com participantes do programa sobre o estudo Juventude Conectada – Edição Especial Empreendedorismo, e como eles enxergam a realidade do empreendedorismo
Já está no ar a edição especial de empreendedorismo da pesquisa Juventude Conectada. Desenvolvido pela Fundação Telefônica Vivo em parceria com o IBOPE Inteligência e a Rede Conhecimento Social, o estudo amplia o olhar sobre o setor no Brasil, tendo como principal ponto de partida a visão dos jovens brasileiros.
Assim, com o objetivo de mapear e compreender o empreendedorismo, foram ouvidas 400 pessoas de 15 a 29 anos das classes A, B e C, de todas as regiões do país, além de jovens empreendedores e especialistas da área.
Um dos temas que mais aparecem no estudo é o empreendedorismo como propósito de vida e como ele é abordado nas escolas e faculdades. Por isso, resolvemos ir um pouco além nestes dois temas.
A maioria dos entrevistados na pesquisa, 61%, dizem que buscam trabalhar com algo em que acreditam, visando a realização de um sonho, tentando alinhar a profissão à satisfação, a um propósito pessoal ou coletivo. Além disso, eles concordam que a definição de empreendedorismo passa pelos conceitos de propósito de vida, protagonismo e impacto social.
Você pode baixar a versão completa agora da pesquisa Juventude Conectada – Edição Especial Empreendedorismo
E quem empreende também compartilha conhecimento. Quase metade dos entrevistados, ou 42%, concordam que o empreendedor orienta e ensina pessoas ao seu redor. No entanto, jovens e especialistas ouvidos afirmam que ainda falta um acesso maior a conteúdos sobre empreendedorismo na escola, ou seja, esse tema não é levado em conta na preparação para o mercado de trabalho.
É nesse contexto, que a Metodologia Pense Grande pode ser uma grande aliada ao oferecer ferramentas estratégicas para o desenvolvimento da cultura empreendedora e estruturação de ações sociais e transformadoras para quem busca um propósito de vida por meio do empreendedorismo.
Mas, para saber um pouco mais dessa relação entre empreendedorismo, conhecimento e propósito de vida, precisamos ouvir o que mais jovens que já estão atuando neste universo têm a dizer. Por isso, conversamos com cinco participantes do Programa Pense Grande. A seguir eles contam como enxergam esta realidade e o significado em suas vidas.
Gabriela Nunes Cavalieri, 18 anos, do Sistema Filantrópico, uma ferramenta organizacional para otimizar o tempo de ONGs com automação de atividades como atualização cadastral e controle de dados de voluntários e membros.
“Acredito que empreender transcende o conceito de abrir um negócio e ganhar dinheiro. É se empenhar para realizar uma tarefa, superar os diversos obstáculos e colocar suas habilidades à prova. Com certeza o assunto empreendedorismo deve ser explorado desde cedo! O tema empreendedorismo estimula diversas competências como autonomia emocional e financeira. Além disso, trabalha a relação interpessoal, desenvolve a criatividade e possibilita explorar a capacidade do indivíduo para resolução de problemas. Participar do Pense Grande é uma transformação de mentalidade, é enxergar como a atitude local impacta a sociedade de maneira global. O programa cria uma rede de contato com pessoas maravilhosas e inspiradoras! Por meio do empreendedorismo é possível realizar sonhos e propósitos de vida. Admiro muito, o renomado Dr. Daisaku Ikeda, que diz: ‘Sem esforços tenazes, os sonhos terminarão em meras fantasias’. Empreender é trabalhoso e exige muito esforço, porém quando atrelado a realizações pessoais se torna uma atividade engajada e motivadora”.
Jéssyca Silveira, 26 anos, integrante da RAP, Rede de Afro Profissionais, empresa de recrutamento que foca diversidade racial e formou uma rede de 14.500 mulheres negras.
“Empreender vai além de enxergar uma necessidade ou oportunidade de negócio. Para alguns significa não passar fome, para outros é uma salvação em meio à falta de trabalho. Para mim, tem significado me descobrir capaz de gerar algo que pode mudar a vida das pessoas! Significa apostar no meu talento e no de outras profissionais negras para impactar positivamente a sociedade. Participar do Pense Grande ajuda, porque o conhecimento está organizado e é apresentado como uma metodologia a ser aplicada à nossa ideia. A geração atual tem essa ideia de propósito, de buscar a felicidade no trabalho. É uma ruptura com as gerações anteriores. Sou parte disso e vivo numa linha tênue, porque existe a vontade de ser feliz profissionalmente e também existe a necessidade de ganhar dinheiro com urgência. Então busco o equilíbrio entre esses interesses”.
Reuel Scherrer Xavier, 24 anos, da GrowTech, que fornece equipamento moderno que facilita o cultivo de alimentos saudáveis, como hortaliças e temperos, em casa.
“Empreender é correr atrás dos próprios sonhos. Mais que isso: é inovar, pensar em coisas que ninguém pensou e realizar sonhos através disso. É preciso pensar grande. Com certeza é um tema a ser explorado desde cedo. É essencial, enquanto brasileiros, é um dever da nova geração pensar em caminhos alternativos, criar novas rotas e modelos. A nossa única chance de parear com país altamente desenvolvido é criando. O que pode alavancar um futuro melhor para o Brasil são empreendedores mais conscientes, mais inovadores. O Pense Grande é essencial para mostrar que o empreendedorismo social é possível, sim! Que não é uma coisa surreal, inalcançável. O programa pega uma ideia embrionária, uma sementinha e nos guia a caminhos melhores. Empreendedorismo é mais do que ter propósito. É unificar sonhos e propósitos em uma única jornada. E isso a gente aprende no Pense Grande, em como alinhar bem os nossos sonhos com nossos propósitos. Em como sintonizar a equipe nesse foco. Isso mudou muito a nossa mentalidade, por isso somos muito gratos”.
Carla Francischette, 18 anos, do Integra Mais, site com informações de escolas adaptadas a vagas de emprego, para auxiliar nos cuidados e no cotidiano de pessoas com deficiência.
“Empreender significa criar coisas boas, que irão ajudar alguém, alguma causa ou inovar. É fazer ideias e sonhos acontecerem de alguma forma. Até da forma mais maluca, porque empreender também é criatividade. É um assunto a ser tratado em escolas, com jovens e crianças. Desde pequenos nos perguntam o que queremos ser quando crescermos, mas sempre pensamos em trabalhar para alguém, em realizar o sonho de outra pessoa. Empreender tem muita ligação com um propósito. Quando se empreende, se sonha, se cria, se inova, nada disso é possível sem um propósito. Por trás de toda criação existe um problema a ser resolvido. O coração do negócio é sempre o que o mantém vivo!”.
Ana Karine, 22 anos, uma das sócias fundadoras do Fala Aí, startup focada em auxiliar o desenvolvimento da fala na infância por meio de um app que identifica distúrbios fonológicos.
“Empreender é contribuir para transformar a realidade dos outros, e a sua própria, baseado no que se acredita. Ser capaz de pensar além da caixa e se permitir experimentar e crescer constantemente. Não existe incentivo ao empreendedorismo, especialmente na graduação, a passos de se entrar no mercado. Muita coisa boa fica engavetada porque somos preparados para trabalhar em projetos de outros. Vejo o Pense Grande como uma porta de entrada para mudar esse pensamento. Para mostrar que toda ideia, quando é bem trabalhada, vira sim um negócio. Se você quer empreender, o negócio depende do seu interesse em fazer acontecer. Então é preciso ter um propósito. Mas esse pensamento pode se tornar vazio se o propósito for apenas o de ganhar dinheiro. Isso é tão pouco comparado às vidas que podem ser mudadas! Propósitos também precisam ser realimentados. Qual é o próximo passo após atingir os objetivos atuais?”.