Utilizando ferramentas de tecnologias digitais, como postagens em redes sociais, vídeos e memes, participantes entram em competição para viralizar as boas práticas para o combate da Covid-19
Durante os meses de fevereiro e maio, estudantes, pais, mães e educadores, das cidades de Manaus, no Amazonas, e de Belém e Gurupá, no Pará, se envolveram em uma competição inusitada para divulgar informações com o objetivo informar sobre a prevenção do coronavírus e de combater a transmissão da Covid-19.
Dos 342 participantes da brincadeira, 128 eram jovens e adolescentes, de idades entre 12 e 20 anos, moradores de regiões de alta vulnerabilidade. A turma, dividida em 21 equipes, inventou formas criativas de promover bons hábitos de prevenção. Utilizando ferramentas de tecnologias digitais investiram na produção de memes, vídeos para as redes sociais, encontros on-line e até poesia para conscientizar a população local.
A iniciativa, batizada de Te Sai Covid, foi promovida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com o Instituto Peabiru. A campanha teve três etapas. A maratona de atividades iniciou em fevereiro e envolveu as três cidades, que, nos primeiros meses deste ano, registraram alto índice de contaminação pelo coronavírus.
Por que “Te Sai Covid”?
#TeSaiCovid é uma expressão típica da Região Norte usada quando se quer que alguma coisa deixe de existir ou que saia de perto de quem a utiliza.
“Resolvemos usar a expressão que significa ‘Sai, Covid’ logo no início do projeto, com intenção de trabalhar aspectos locais importantes, em diálogo com adolescentes e suas comunidades”, diz Ida Peitricovsky, porta-voz do Unicef em Belém.
Com os grupos formados, a primeira missão foi compartilhar um infográfico de recomendações para a prevenção do vírus nas redes sociais de cada um para marcar a abertura da jornada. Foram organizados encontros on-line e três novas tarefas surgiam durante a semana, como engajar mais jovens para a brincadeira, identificar e combater uma fake news usando as redes sociais e produzir vídeos e memes para viralizar.
A terceira etapa foi considerada a mais desafiadora: os maratonistas ficaram livres para escolher um formato para falar sobre os comportamentos corretos de prevenção e divulgar nas redes sociais. “Como resultado, tivemos uma série de vídeos, quadrinhos, cards, poemas e músicas elaborados pelos jovens”, explica Ida Peitricovsky, porta-voz do UNICEF em Belém.
Juventude contra a Covid-19
Em Manaus, todos os encontros aconteceram de forma on-line. Cerca de 50 jovens dos bairros Mauazinho e Praça 14 ficaram responsáveis pela construção e implementação da estratégia de comunicação.
Victória Yasmin, 17 anos, foi uma das participantes. Ela criou memes, vídeos e poesias para motivar a comunidade. “Gostei muito, porque ainda aprendi sobre o uso seguro da internet, mitos e verdades sobre o coronavírus, saúde emocional e outros temas”, diz a jovem.
“Gostei muito, porque ainda aprendi sobre o uso seguro da internet, mitos e verdades sobre o coronavírus, saúde emocional e outros temas”, diz a jovem.
Uma das missões cumpridas por seu grupo foi o combate de uma fake news sobre vacina, que deveria ser desmentida com argumentos em forma de áudio ou texto. “Optamos por criar um texto falando que é perigoso acreditar em qualquer notícia recebida, pois poderia ser falsa. É importante sempre ver a data e a fonte das informações”, diz.
Atualmente, ela é uma mobilizadora da prevenção contra a Covid-19 no bairro. “O melhor de tudo é a possibilidade envolver os amigos e familiares e poder compartilhar todo o conhecimento adquirido. Fiz uma entrevista com minha mãe a respeito da vacina e um vídeo divertido com meu sobrinho sobre o distanciamento social”, conta.
Em Gurupá, 58 jovens da zona urbana da cidade e de comunidades quilombolas do município foram envolvidos com o projeto, com encontros e rodadas de discussões de ideias para desenhar estratégias para atender a comunidade local.
Fernando Barbosa de Lima, 14 anos, foi um dos representantes do município. Além de ajudar a combater o vírus, ele conta que vai carregar boas recordações e lições valiosas para a vida. “Eu fiz amizades e sei que ajudei muitos moradores do meu bairro a se prevenir da doença”, conta.
“Aprendi também a trabalhar em equipe e unir forças com outras pessoas para apoiar quem precisa”, afirma o estudante.
Da mesma cidade, Patriciana Gonçalves, 18 anos, afirma que além do conhecimento, o projeto a ajudou a não se sentir sozinha durante esses meses de isolamento social, em que passou distante de amigos e sem sair de casa.
“Achei bom ter um compromisso e conversar com pessoas pela internet, precisava de outras atividades que ocupassem meu tempo livre, quando não estava estudando”, conta Patriciana.
Em Belém, o projeto tomou conta dos bairros Terra Firme e Telégrafo, onde 65 jovens participaram da ação. Para Sandra Cristina, de 21 anos, moradora da capital paraense, o principal aprendizado foi saber que a juventude de sua cidade está engajada em usar a criatividade e a tecnologia para transformar situações desafiadoras. “O projeto trouxe esperança e renovação para ver que estamos passando por uma pandemia e ainda assim tirando lições dela”, diz.
“São muitos jovens usando sua arte, seus estilos e se reinventando junto para não parar, porque juventude é isso mesmo: resiliência, resistência, movimento, mobilização e inovação”, diz Sandra.
Na última etapa do projeto, todos foram premiados pelo esforço no combate ao coronavírus. “Foi uma forma de reconhecer o empenho deles que não mediram esforços, e mostraram claramente seu potencial enquanto mobilizadores da prevenção contra a Covid-19. O prêmio é uma lembrança simbólica, uma bolsa com máscara, álcool gel e flyer com informações, além do aprendizado que levarão com eles”.
A partir deste mês, inicia uma nova fase do projeto, que amplia as experiências vividas em Belém, Manaus e Gurupá para outras 19 cidades na Amazônia Legal.
Veja alguns números alcançados pelo projeto nestas cidades:
68 parceiros locais (lideranças comunitárias, professores e pessoas de referência nas comunidades)
48.918 likes e visualizações
342 pessoas agentes de mudança (entre pais, mães, cuidadores, meninos e meninas);
149 mil pessoas impactadas pelas redes sociais, com a campanha que utiliza a hashtag: #TeSaiCovid.