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Pesquisa aponta que estudantes que já estão cursando o novo modelo indicam satisfação com a escola e otimismo sobre o futuro profissional. Saiba como se preparar para as mudanças!

#Educação#EnsinoMédio#Estudantes

“Não sabemos o que esperar do futuro, mas me sinto mais preparado para traçar um plano diante da incerteza”. O relato é de Gabriel Pavan dos Santos, 17. Há três anos, ele cursa o Novo Ensino Médio em uma escola do Serviço Social da Indústria (SESI), no litoral de Santa Catarina. O jovem é um dos 12 mil estudantes que já estrearam a nova base curricular da etapa, com implementação nacional prevista para 2022.

Embora queira seguir os estudos na área da Saúde, Gabriel escolheu fazer formação técnica em Desenvolvimento de Sistemas porque “é um diferencial neste contexto de automação”, acrescenta.

Essa possibilidade foi apresentada a ele e aos demais estudantes do Ensino Médio dentro do itinerário de formação profissionalizante, oferecido a partir de uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

Para ouvir vozes como a de Gabriel, o SESI e o SENAI encomendaram uma pesquisa para entender a percepção das juventudes sobre as mudanças do Novo Ensino Médio. O levantamento foi lançado em outubro pelo Instituto FSB Pesquisa e contemplou as respostas de 2 mil jovens, divididos entre estudantes do ensino tradicional e da nova modalidade.

“O objetivo da pesquisa não é avaliar a qualidade do Novo Ensino Médio, mas escutar os agentes centrais dessa implementação. Entender as demandas das juventudes é fundamental para desenhar currículos alinhados às expectativas dos estudantes do século XXI”, afirma Wisley Pereira, gerente executivo de Educação do SESI.

Novo Ensino Médio e a evasão escolar Dentre os 2 mil estudantes entrevistados pela pesquisa, cerca de 17% já pensaram em deixar a escola. Desse total: ● 29% dos jovens declararam precisar deixar a escola para trabalhar. ● 26% apontaram falta de interesse pelo método oferecido pela escola. → Novo Ensino Médio como alternativa Estudantes do Novo Ensino Médio Estudantes do modelo tradicional 78% estão otimistas para o futuro 68% estão otimistas para o futuro profissional profissional 77% estão satisfeitos com a escola 70% estão satisfeitos com a escola 13% pensaram em deixar a escola 17% pensaram em deixar a escola 0% disseram que a metodologia 6% disseram que a metodologia já os já os fez pensar em deixar a escola fez pensar em deixar a escola Fonte: Pesquisa “Percepção dos estudantes sobre o Novo Ensino Médio”, 2021 Dados da evasão escolar no Brasil → 5,5 milhões de jovens brasileiros não tiveram acesso à atividades escolares em 2020 ● 1,4 milhão de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos estão fora da escola Fonte: Pnad Contínua IBGE, novembro de 2020.

Saldo positivo para o Projeto de Vida

As mudanças curriculares do Novo Ensino Médio têm como objetivo engajar os estudantes com maior autonomia e protagonismo. Além de aumentar a carga horária mínima, também preveem a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o aprofundamento de conhecimentos por meio de itinerários formativos. Mas o que os jovens acham disso?

Para 61% dos estudantes que já cursam o Novo Ensino Médio, o modelo é avaliado positivamente.

“No começo estranhei a nova metodologia, talvez por ter estudado nove anos dentro do currículo tradicional. Mas, por outro lado, vejo que essa metodologia me ajuda a desenvolver habilidades para o meu projeto de vida”, comenta Gabriel. Essa opinião vai de encontro aos resultados da pesquisa.

Dos 2 mil jovens entrevistados, 84% concordam totalmente, ou em parte, que a nova matriz curricular irá desenvolver habilidades e competências necessárias para o desenvolvimento. Quanto ao futuro do trabalho, 83% acreditam que as escolas brasileiras irão formar juventudes mais preparadas para os desafios e demandas atuais.

Ponto de atenção: mercado de trabalho

Um dos maiores destaques da pesquisa está relacionado ao mercado de trabalho. Por um lado, os jovens relatam sentirem-se mais otimistas em relação ao desenvolvimento profissional com o novo modelo. Em contrapartida, essa projeção diz mais sobre o presente do que sobre o futuro.

“Para 26% dos jovens entrevistados, o trabalho já é uma realidade. Outros 29% declararam já terem pensado em sair da escola porque precisavam trabalhar”, complementa Wisley Pereira.

Nesse sentido, 86% dos estudantes avaliam como importante a oferta de Formação Técnica e Profissional dentro da carga horária do Ensino Médio regular. Isso porque, para 28% dos entrevistados, a falta de experiência é a principal dificuldade para se colocar no mercado de trabalho.

Dentre os jovens que já cursam o Novo Ensino Médio, a Formação Técnica e Profissional é o itinerário mais escolhido (26%) entre as cinco opções — seguido por Linguagens (20%), Ciências Humanas (18%), Ciências da Natureza (16%) e Matemática (11%).

Ainda que a formação técnica seja uma opção, isso não afeta o interesse dos estudantes pelo Ensino Superior. Cerca de 90% dos jovens pretendem seguir para essa etapa e acreditam que o itinerário formativo pode ajudar a alcançar esse objetivo.

“A formação integral do estudante é fundamental e está contemplada pela BNCC. Mas se o futuro do trabalho também não fizer parte da discussão dentro da escola, afastaremos esses jovens do mundo real”, conclui o gerente executivo de Educação do SESI.

Como anda o empreendedorismo?
O currículo do Novo Ensino Médio traz o Empreendedorismo como um dos eixos estruturantes. As competências relacionadas ao tema podem ser trabalhadas dentro dos itinerários formativos. E em diversas disciplinas — e como eletiva — tendo o empreendedorismo como tema central.

Para os jovens isso é relevante. 35% dos estudantes entrevistados pela pesquisa avaliam que empreender será mais atraente no mercado de trabalho brasileiro. Apesar disso, 50% deles ainda querem ter empregos formais registrados em carteira.

Próximos passos para a implementação do Novo Ensino Médio

Tendo em vista a percepção dos jovens em relação ao Novo Ensino Médio, o próximo passo é garantir uma boa implementação. Segundo Wisley Pereira, as prioridades devem estar centradas na formação de professores, alinhamento dos materiais didáticos com a BNCC e revisão das políticas de avaliação.

“Para que a aprendizagem garanta os princípios de equidade, ela precisa estar baseada em indicadores. Por isso, as políticas públicas educacionais precisarão priorizar programas de formação continuada e conectar os critérios dos exames nacionais à BNCC”, aponta o especialista, que também já foi professor da rede pública do Mato Grosso do Sul.

Outra preocupação é oferecer suporte para as Secretarias de Educação, que absorvem 85% das matrículas do Ensino Médio. Wisley Pereira ressalta a importância de estabelecer parcerias público-privadas ou integração com instituições próximas à comunidade escolar, como universidades e institutos de pesquisa.

“A elaboração de itinerários formativos compatíveis com a realidade dos territórios ainda é um desafio para as redes. Sendo assim, aproximar outros agentes da sociedade civil, aproveitando seus recursos e experiências, pode resultar em qualidade para o processo de ensino e aprendizagem”, recomenda o gerente executivo de Educação do SESI.

O que pensam os jovens sobre o Novo Ensino Médio?
O que pensam os jovens sobre o Novo Ensino Médio?