Buscar conhecimento de maneira proativa e contínua se revela uma das competências essenciais para a vida em sociedade. Saiba qual é a importância da aprendizagem constante
Você se lembra da última vez em que aprendeu algo? É possível que sua memória te leve a situações formalmente associadas a adquirir conhecimento. Escolas, faculdades e treinamentos são exemplos de ambientes de aprendizagem. Mas também é provável que você tenha aprendido algo novo hoje mesmo, por meio de uma conversa, um vídeo ou um acontecimento inesperado. Essa perspectiva sobre a busca proativa e constante do conhecimento em diferentes espaços é a premissa do lifelong learning. O termo pode ser traduzido em português como “aprendizado ao longo da vida”. A ideia é combinar propósito, autoconhecimento e autonomia para transformar aprendizados em ações.
A expressão lifelong learning surgiu pela primeira vez na Europa, na década de 1970. Mas ganhou repercussão mundial a partir de 1990. Nessa época, já aconteciam debates sobre um mundo em transformação que exigia cada vez mais flexibilidade para entender as experiências de aprendizagem de forma contínua. Não necessariamente vinculadas a instituições de ensino, classes sociais ou faixa etárias específicas.
A European Lifelong Learning Initiative é a organização responsável por desenvolver iniciativas de aprendizado contínuo ao redor do mundo. Ela define o conceito como: “Um processo de apoio que estimula e capacita indivíduos a adquirir todas as competências e habilidades necessárias para a vida em sociedade, aplicando-os com criatividade e confiança em todas as funções e ambientes”.
A educação formal continua sendo valorizada e tem a sua importância ao longo da vida de qualquer pessoa. Inclusive para a conquista de melhores empregos. Mas para que uma pessoa seja preparada para o trabalho e a vida no século 21 o formato começa a ser questionado. “O modelo de ensino tecnicista do século 20 que predomina até hoje, definitivamente, não prepara ninguém para o trabalho e para a vida no século 21”, declarou Ana Maria Diniz, do movimento Todos Pela Educação, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo.
Pesquisa realizada pelo Pew Research Center, nos Estados Unidos, apontou que 54% dos americanos acreditam que será importante desenvolver novas habilidades ao longo da vida profissional. Apenas 16% acreditam que um curso de quatro anos é capaz de preparar os alunos para um trabalho de alto rendimento, considerando a economia moderna.
Os 4 princípios do Lifelong Learning
● Aprender a conhecer → Priorizar o domínio de ferramentas e estratégias de aprendizagem contínua e aprofundada, ao invés de colocar o objeto de estudo como foco do processo.
● Aprender a fazer → O próximo passo é desenvolver habilidades e competências para executar e adaptar aquilo que foi aprendido aos mais diversos ambientes e contextos.
● Aprender a conviver → Tão importante quanto ter o conhecimento é saber usá-lo para resolver conflitos e trabalhar colaborativamente, estabelecendo relações de respeito e empatia para solucionar problemas da comunidade.
● Aprender a ser → Uma vez passado por todos os estágios, o indivíduo terá usado corpo, mente e emoções para apropriar-se dos conhecimentos. Isso permitirá que ele transite com mais flexibilidade e autonomia por outros espaços de aprendizagem.
Uma nova aprendizagem
Uma das principais barreiras para se tornar um lifelong learner é a própria relação com a aprendizagem. “Não fomos acostumados a nos dedicar ao aprendizado sem supervisão ou controle. Na maior parte das vezes, aprendemos porque alguém entende que aquele conhecimento é importante e dita a forma como devemos interagir com ele”, explica Alex Bretas, escritor e facilitador de comunidades de aprendizagem autodirigida.
A educação tradicional, por muitas vezes, associa disciplina à obediência. Mas isso dificulta a busca por conhecimento de maneira contínua e por conta própria. No livro “A Autodisciplina na Aprendizagem”, Bretas defende que romper com essa construção não é uma questão de força de vontade, mas de entendimento e mudança de hábitos.
“Nem sempre aprender ao longo da vida é prazeroso ou fácil. É preciso estar disposto a criar oportunidades de aprendizado em todas as situações. Mas também a desconstruir visões e crenças”, aponta o especialista. Para ele, os caminhos para transformar experiências de aprendizagem passam por três frentes: autoconhecimento; tomar decisões que alterem positivamente o ambiente que o cerca; e adaptações na rotina.
Uma das formas de criar oportunidades de aprendizado contínuo é se tornando um aprendiz autodirigido. De acordo com Alex Bretas, o aprendiz autodirigido tem motivação natural para realizar o que deseja. Quem é aprendiz autodirigido tem o perfil de escolher de forma estratégica os caminhos de aprendizagem que quer seguir. E pensa em aplicá-los e compartilhá-los de maneira significativa para os objetivos de vida.
Os benefícios do conhecimento e de ser um eterno aprendiz
O mundo BANI — Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível — torna o futuro do trabalho cada vez mais dependente de habilidades e competências como flexibilidade, autonomia, resolução de problemas e colaboração. Sendo o lifelong learning uma proposta de desenvolvimento contínuo do conhecimento, ela se torna essencial para estudantes e profissionais que pretendem se manter atualizados e aptos a criar soluções para essa realidade.
Ainda assim, Alex Bretas acredita que essa não deve ser a principal motivação de quem pretende investir na busca de aprendizado ao longo da vida. “Temos muito mais chances de colocar em prática a perspectiva do lifelong learning se encontrarmos áreas de conhecimento que nos despertem encantamento, que façam sentido para nossos projetos de vida e para o mundo”, reforça.
Lifelong learning na 42 SP
Na 42 São Paulo aprender a aprender é tão importante quanto dominar os códigos de programação. A metodologia única, desenvolvida na França e utilizada em mais de 20 países, convida pessoas acima dos 18 anos a se especializarem na área de Tecnologia com bolsa 100% financiada pela parceria com empresas privadas, como a Fundação Telefônica Vivo.
Sem custo e sem experiência prévia exigida, o objetivo é aprender entre os pares e avançar em projetos gamificados que passam por diversas trilhas de especialização. Embora o foco seja a programação, habilidades e competências como lifelong learning, autonomia, flexibilidade e colaboração são trabalhadas ao longo de toda a experiência formativa. Saiba mais sobre como a 42 funciona na prática!