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Dados da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) mostram que a presença feminina na área cresceu 1,5 ponto percentual acima da masculina nos últimos três anos. Apesar do crescimento, ainda são minoria no setor

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Mais mulheres conseguem empregos na área de tecnologia

As mulheres representam mais da metade da população e são, em média, mais escolarizadas que os homens, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, isso não se reflete na participação feminina em diversas áreas do mercado de trabalho, especialmente em tecnologia. Segundo dados da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais), o número de mulheres com empregos em tecnologia cresceu 1,5 ponto percentual em relação ao número de homens. Porém, a carreira ainda é predominantemente masculina.

De acordo com os dados do último relatório em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), elas ocupam 39% dos empregos, mesmo sendo mais qualificadas. 9,9% das mulheres têm pós-graduação no setor, contra 8,2% dos homens em cargos de diretoria e gerência. Em serviços apenas de tecnologia da informação (TI), a representação feminina é de 37,7%, e, em software, é de 36,7%. Os números são do último “Relatório de Diversidade no setor TIC”, publicado em 2023 pela Brasscom.

A boa notícia é que o cenário está mudando. O aumento entre analistas foi de 1,2% para homens e 1,8% para mulheres. E, em funções técnicas de TI, P&D e Engenharia, o crescimento feminino foi de 2,1%, enquanto o masculino ficou em 1,3%.

 

Barreiras sociais

A pouca participação feminina em carreiras tecnológicas pode ser atribuída, em parte, à falta de estímulo para que as mulheres busquem formações nesse campo, desde a infância até a idade adulta. Essa mesma falta de incentivo se reproduz com as disciplinas que compõem o acrônimo STEM (science, technology, engineering and mathematics, ou em português “Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática”).

A pesquisa “Who can do STEM?: Children’s gendered beliefs about STEM and non-STEM competence and learning”, publicada em 2024 pelos pesquisadores americanos Christine Shenouda, Khushboo Patel e Judith Danovitch, estudou crianças do jardim de infância até a terceira série. E mostrou que as crianças acreditam que meninas têm mais dificuldade em uma prova nas áreas de STEM. Elas também veem os homens como mais competentes do que as mulheres em profissões nessas áreas.

Além disso, 62% dos meninos citaram disciplinas de STEM como suas favoritas, enquanto apenas 37% das meninas fizeram o mesmo. Os pesquisadores concluíram, então, que os vieses de gênero nessas áreas começam já no jardim de infância. Segundo eles, as crianças replicam preconceitos existentes em suas famílias, na própria escola e na sociedade.

“Com certeza, é possível mudar esse cenário. A chave, sobretudo, está na criação de uma cultura escolar mais inclusiva e incentivadora para todos, independentemente do gênero. Quanto mais cedo a aluna estiver inserida nesse meio, sendo incentivada a participar das disciplinas STEM, mais fácil será no futuro aprimorar o conhecimento adquirido”, avalia Géssyka Damaceno, cofundadora da I.GO for Education, empresa dedicada a desenvolver programas de inovação e tecnologia para instituições de ensino.

 

Mulheres são maioria na Educação Profissional e Tecnológica

A presença feminina também está aumentando nos cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT). Dados do Censo Escolar 2023 apontam que há predominância feminina nas matrículas dos cursos de educação profissional, com 57,9% — totalizando 1,3 milhão em um universo de 2,4 milhões de matrículas.

Nas Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) do Estado de São Paulo, o ingresso de estudantes mulheres nos cursos também aumentou no período entre 2012 e 2022. No curso de Programação de Jogos Digitais, por exemplo, o aumento no período chegou a 26%, indica o levantamento do Centro Paula Souza, autarquia do Governo estadual de São Paulo que administra as Etecs e Fatecs.

Para Prissila Souza, gerente sênior de compras da Vivo, a ampliação das mulheres no setor favorece as empresas e a sociedade. “A maior diversidade contribui para criar um ambiente mais criativo. Portanto, é um pilar tanto para a estratégia de negócios como para a responsabilidade social da empresa”, diz.

Ela trabalha na área há mais de 20 anos e crê que o panorama, quase que exclusivamente masculino, já mudou. “Quando eu comecei, nem se falava disso. Por isso, só de estarmos preocupados com o tema é uma centelha de luz. Sou muito otimista e já noto uma transformação em diferentes setores, com muito mais mulheres”.

 

Programa Pense Grande Tech: mentoria para Jovens Mulheres

Prissila Souza participou do projeto Mentoria para Jovens Mulheres na área Tech, um projeto piloto que faz parte do Programa Pense Grande Tech, da Fundação Telefônica Vivo. A iniciativa foi realizada em parceria com a Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina e a Associação Catarinense de Tecnologia (Acate). O objetivo é apoiar jovens mulheres estudantes de cursos técnicos em tecnologia no desenvolvimento de competências e habilidades para o mundo do trabalho.

A profissional conta que, ao participar da mentoria, procurou transmitir às jovens uma mensagem de coragem e resiliência. “Nessa idade, não temos muitas certezas, mas alguns desejos. Se uma menina deseja ir para a área de exatas ou tecnologia, deve ir mesmo! Porque não precisa ter certeza, basta ter coragem em seguir seu desejo e resiliência para torná-lo realidade”, diz.

O programa de mentoria recebeu as estudantes dos segundos e terceiros anos dos cursos de Ciência de Dados, Desenvolvimento de Sistemas, Informática e Informática para Internet, que moram em municípios de Santa Catarina (Blumenau, Criciúma, Guaramirim, Joinville, Paial, Porto União e Florianópolis). Em quatro encontros on-line, entre junho e agosto, elas puderam trocar ideias com lideranças femininas de empresas no setor, que são voluntárias do grupo temático de mulheres da Acate. Entre os temas discutidos estão: autoconhecimento e definição de objetivos; reconhecimento de habilidades e busca por capacitação; desenvolvimento comportamental e networking.

“Reconheci na minha mentorada, Tayná A. dos Anjos, muitas das potências e fragilidades que eu também enfrentei nessa fase da vida. Por isso, acompanhar uma jovem que está em um momento decisivo, escolhendo os rumos de seus estudos e carreira, me permitiu não só compartilhar minha experiência, mas também refletir sobre o impacto dessas decisões”, diz Alline Goulart, mentora no projeto e diretora de Inovação na Semente Negócios.

 

A indústria também ganha

Karina Daidone G. Pimentel, Gerente Sr. De Projetos Educacionais da Fundação Telefônica Vivo e mentora, diz que “a mentoria de meninas jovens é vital não apenas para o crescimento individual dessas futuras profissionais, mas também para a evolução da indústria. Portanto, ao oferecer escuta, trocas de experiências e inspiração, podemos apoiar na desmistificação da atuação feminina no campo da tecnologia, tornando-o mais acessível e atraente. Essa iniciativa não só promove a diversidade de gênero, mas também incentiva novas perspectivas e inovações. Além disso, ao criar um ambiente de apoio, as mentoras ajudam a construir confiança e habilidades essenciais para que essas jovens possam enfrentar desafios e se destacar em suas carreiras. Sobretudo, investir em mentoria para essas jovens meninas é uma forma de investir no futuro da tecnologia.”

Para Géssyka Damaceno, ex-aluna de escola pública e mentora do projeto, conta que foi incrível compartilhar seu tempo e experiências com a mentorada Larissa B. Vaz. “Fico muito feliz por ter a oportunidade de inspirá-la, trazer referências e orientá-la em seus primeiros passos no caminho profissional. Quando eu estava na escola, teria adorado ter uma oportunidade como essa”, conta.

Já a diretora do grupo temático de mulheres da Acate, Tatiane Bertoni, ressaltou que as empresas têm muito a ganhar com uma equipe mais diversa. “Basta olhar o mercado, olhar o ROI (sigla em inglês para return on Investments). Um time diverso traz bastante valor e a diversificação forma equipes mais coesas, o que gera dinheiro para a empresa”. O relatório da Brasscom também corrobora que a presença feminina em ambientes tecnológicos contribui para a construção de ecossistemas mais éticos e empáticos, ao mesmo tempo em que combate a reprodução de preconceitos presentes no setor, como algoritmos enviesados e produtos insensíveis às necessidades específicas das mulheres.

Mais mulheres obtêm empregos na área de tecnologia
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