A ativista foi a pessoa mais jovem a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, e luta para que crianças, sobretudo meninas, possam estudar e ter uma perspectiva de futuro
“Uma criança, um professor, um livro, uma caneta podem mudar o mundo” — Malala Yousafzai. Esta é uma das frases de resistência da jovem Malala, que completa 24 anos neste dia 12 de julho. A garota de origem paquistanesa foi a pessoa mais jovem a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, quando tinha 17 anos, e virou símbolo da luta pela educação pelo mundo, em especial, pela luta pelos direitos das meninas de estudar.
“Eu não quero ser conhecida como a garota que levou um tiro do Talibã, mas sim como a garota que lutou pela educação”, disse aos 16 anos quando recebeu o prêmio Tipperary International Peace Award, por seu ativismo na busca de equidade entre as crianças.
Foi a partir de um blog, o Diário de uma Estudante Paquistanesa, criado em 2008, que a voz de Malala Yousafzai começou a ser ouvida. Fã de Ana Karenina, de Tolstói, e dos romances de Jane Austen, ela vivia com a sua família em Mingora, em uma região bem conservadora do Paquistão. A área, que naquela época era dominada pelo movimento fundamentalista Talibã, determinou a proibição do ensino nas escolas para meninas.
“Apesar de amarmos a escola, nós não percebemos quão importante a educação é até o Talibã tentar nos impedir. Ir para a escola, ler e fazer nossa lição de casa não era só um jeito de passar o tempo, era o nosso futuro”, disse em uma entrevista.
Um jornalista da BBC abordou o pai de Malala Yousafzai, dono de uma escola, para saber se algum aluno falaria sobre esse assunto para a reportagem. A menina então começou a compartilhar de forma anônima seu dia a dia na escola e sua paixão pelos estudos. Não demorou para que os textos repercutissem e o anonimato foi embora. Ela virou voz ativa na luta pela educação e liberdade das meninas.
Foi em 2012 o momento mais difícil para ela e sua família. Ao ganhar repercussão, Malala Yousafzai também virou alvo do Talibã que considerava que suas falas prejudicavam o movimento terrorista. Em uma emboscada, um homem entrou no ônibus em que a menina estava voltando do colégio e atirou em seu rosto. Ela sobreviveu depois de um período em coma e em vez da experiência ter traumatizado e a silenciado, Malala voltou mais forte e dedicada a lutar pelos direitos de todas as crianças no mundo.
“Educação é nosso direito básico. Não apenas no Ocidente; o Islã também nos deu esse direito. O Islã diz que toda menina e todo menino devem ir para a escola. No Alcorão está escrito, Deus quer que tenhamos conhecimento. Ele quer que a gente saiba porquê o céu é azul, sobre os oceanos e estrelas. Eu sei que é uma grande luta – ao redor do mundo existem 57 milhões de crianças que não estão na escola primária, e 32 milhões destas são garotas.”
Em seu livro, Eu Sou Malala, ela conta que nasceu em um lugar onde se celebra a chegada de um menino com tiros de rifle, e esconde os nascimentos das meninas. Ainda assim, ela comemora o incentivo e a liberdade que o pai deu a ela, como um de seus maiores incentivadores. Desta forma, sua história pode também ajudar outros pais e professores a inspirar jovens e crianças.
Ensinamentos de Malala Yousafzai
Usar os desafios como combustível para o crescimento: Malala aprendeu pelo seu pai que a educação é importante, mas foi proibida de fazer o que mais gostava, estudar. Em vez de aceitar, ela decidiu agir.
Falar sobre suas convicções: a menina começou o blog de forma anônima, mas não demorou muito para que a sua identidade fosse revelada. Apesar das ameaças de morte, ela continuou escrevendo e defendendo o que acredita.
Ter coragem de fazer as coisas que considere certas, das pequenas às maiores: Malala colocou sua vida em risco por acreditar que a educação era o caminho para a sua liberdade. Mesmo que o caso da jovem seja extremo, ela se tornou um exemplo de incentivo às atitudes voltadas ao desenvolvimento humano.
Encarar as críticas: elas podem surgir no meio do caminho, e é importante estar pronto para ouvi-las.
Procurar sempre por conhecimento: como a luta de Malala mostra, a educação abre portas e novas perspectivas de futuro.