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Para celebrar o mês da Consciência Negra, reunimos cinco histórias de mulheres pretas que desbravaram o universo da ciência e tecnologia

#Educação#EnsinoMédio#TecnologiasDigitais

Para celebrar o início do mês da Consciência Negra, reunimos cinco histórias de mulheres negras que desbravaram o universo da ciência da computação

As últimas décadas têm sido marcadas por um intenso desenvolvimento tecnológico da sociedade informacional. Porém, ainda há uma questão que precisa ser superada: a predominância de homens brancos na liderança deste processo. Apesar da crescente presença feminina nas mais variadas áreas do conhecimento, somente 30% dos cientistas em todo o mundo são mulheres, segundo dados apresentados pela UNESCO em 2020. Se levarmos em consideração as mulheres pretas, essa realidade é ainda mais desigual. No Brasil, as mulheres autodeclaradas pretas ou pardas formam 28% da população do país – no entanto, somente 3% dos cientistas e pesquisadores das universidades brasileiras são mulheres negras, de acordo com o Censo da Educação Superior de 2020.

Para celebrar o início do mês da Consciência Negra, reunimos cinco histórias de mulheres pretas que foram pioneiras na ciência da computação. Com isso, gravaram seus nomes na história e abriram muitas portas para outras mulheres como elas ocuparem ainda mais esses espaços.

Confira a seguir:

 

Katherine Johnson: matemática à caminho da lua

Nascida em 1918 na Virginia (EUA), desde jovem Katherine Johnson despontava como uma proeminente pesquisadora de matemática. Aos 18 anos, já possuía diploma universitário. Porém, sua carreira foi interrompida quando ela se casou e engravidou. Foi só depois que suas três filhas nasceram que Katherine voltou a trabalhar, como pesquisadora no Comitê Consultivo Nacional para a Aeronáutica – órgão que anos depois se tornaria a NASA.

Ela passou anos analisando testes de vôo e fazendo cálculos avançados de geometria para lançamentos de foguetes. Durante esse período, a matemática realizou diversas pesquisas que impulsionaram a exploração espacial estadunidense. Inclusive, Katherine foi a primeira mulher negra a ter a autoria de artigos reconhecida pela agência.

A pesquisadora está diretamente relacionada a uma das maiores glórias da humanidade: a missão Apollo 11, a primeira que levou uma pessoa para a lua, teve a sua trajetória calculada por ela. Essa história foi registrada no filme “Estrelas Além do Tempo”, disponível no Disney+.

A extraordinária capacidade matemática de Katherine, no entanto, não serviu apenas para o sucesso de missões espaciais: ela rompeu barreiras ao solicitar a participação em reuniões com engenheiros, algo então inédito para mulheres – ainda mais se tratando de uma mulher afro-americana.

Em 2015, então com 97 anos, Katherine recebeu das mãos do então presidente Barack Obama a Medalha da Liberdade, a condecoração civil mais importante do país. Ainda, em 2019 a NASA deu seu nome para um novo centro de pesquisa computacional.

Evelyn Boyd Granville: hall da fama de cientistas negras

Em 1949, Evelyn Boyd Granville tornou-se a segunda mulher afro-americana a conquistar um título de doutorado em matemática nos EUA, pela Universidade de Yale.

Alguns anos depois, começou a trabalhar como programadora na IBM, onde desenvolveu diversos softwares. Para ela, a computação era extremamente desafiadora, por exigir o pensamento lógico para a solução de problemas. Suas habilidades também a levaram a trabalhar na indústria espacial, exercendo cálculos de mecânica celestial e pesquisando métodos de computação orbital.

Após essa experiência, Evelyn voltou seus esforços para a educação, sempre encorajando seus alunos ao estudo da matemática. Na Universidade da Califórnia, ensinou programação e análise numérica. Já no início dos anos 1990, mudou-se para a Universidade do Texas, onde carregou a missão de melhorar o ensino da matemática nas escolas básicas do estado.

Essa brilhante trajetória fez com que o nome de Evelyn Boyd Granville fosse inserido no hall da fama de cientistas negras da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, em 1999.

 

Kimberly Bryant: meninas negras programam

O grande interesse por tecnologias como o microchip, o computador pessoal e o celular portátil fizeram com que a jovem Kimberly Bryant, então na universidade, decidisse pela formação em Engenharia Elétrica, Ciências da Computação e Matemática, em 1989.

Após iniciar sua carreira profissional em empresas do setor de biotecnologia e da indústria farmacêutica, ela fundou a Black Girls Code (Meninas Negras Programam, em tradução livre) em 2011. Incentivada por um interesse manifestado por sua própria filha em aprender programação de computadores, Bryant descobriu que nenhum dos cursos disponíveis era ideal para a criança, já que a maioria das turmas era composta por meninos brancos.

Dessa forma, a Black Girls Code ensina, durante programas pós-escola e de verão, programação de computadores para meninas afro-americanas em idade escolar. Sem fins lucrativos, a organização possui a meta de ensinar um milhão de meninas negras a programar até 2040. Segundo a fundadora, a entidade “desenvolve líderes do futuro e aumenta as oportunidades para mulheres pretas na indústria da tecnologia”.

Valerie Thomas: invenção do 3D

Quando pequena, Valerie Thomas vivia perguntando por que os aparelhos de casa funcionam de um determinado modo, e não de outro. Era um sinal claro de seu interesse por ciências e engenharia eletrônica.

Já crescida e formada em Física e Matemática, foi trabalhar como analista de dados da NASA. Foi lá que, em 1970, supervisionou a criação do programa Landsat, o primeiro satélite capaz de tirar fotos da terra. O projeto traduzia e mapeava dados brutos e complexos em padrões simples, facilitando sua análise.

Aquele era um prenúncio do que estava por vir. Em 1978, Valerie foi responsável pela invenção do aparelho transmissor de ilusão, um dispositivo que cria, transmite e recebe imagens em três dimensões (3D) de um objeto em tempo real. Além de ser amplamente usada pela agência espacial, essa invenção patenteada é usada em salas cirúrgicas e no desenvolvimento de aparelhos de televisão, por exemplo.

Prestes a completar 80 anos, Valerie Thomas hoje usa seu vasto conhecimento e experiência para atuar como mentora, encorajando estudantes – principalmente, mulheres pretas – a seguir carreiras em ciências e tecnologia.

Marian Croak: chamadas de voz pela internet

As chamadas online que combinam vídeo e voz – antigamente restritas ao Skype e hoje popularizadas por meio do Zoom, Google Meet e WhatsApp – têm uma mulher negra no centro de sua criação: Marian Croak.

Ela é a inventora da tecnologia VoIP (Voice over Internet Protocol), que permite aos usuários fazer chamadas pela internet, sem a necessidade de uma linha telefônica. Atualmente, o uso dessa ferramenta é essencial para o trabalho remoto – sendo especialmente utilizada durante o período de isolamento provocado pela pandemia de Covid-19.

Formada em psicologia social e análise quantitativa, Croak ingressou na AT&T em 1982, fazendo pesquisas sobre como a tecnologia poderia ser usada para impactar positivamente o cotidiano das pessoas. Durante três décadas, expandiu o potencial das telecomunicações digitais até chegar à vice-presidente de engenharia do Google, em 2014. Lá, gerenciou o desenvolvimento do projeto Loon, que utilizou balões para levar conectividade à áreas de desastre e localidades onde a internet não está disponível.

Por seus feitos extraordinários, Marian Croak é reconhecida como uma das mulheres que mais impactaram o mercado da tecnologia, e em 2022 foi introduzida ao Hall da Fama dos Inventores Nacionais dos Estados Unidos – sendo assim a segunda mulher negra a atingir tamanha honraria.

No mês da Consciência Negra, conheça cinco mulheres pretas que foram pioneiras na ciência e tecnologia
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