Mulheres empreendedoras geram renda com serviços exclusivos, como Lady Driver, M'Ana, Beta e Maternativa, e ganham data comemorativa da ONU.
Empreendedorismo feminino gera renda e empodera mulheres com serviços exclusivos
Nunca se discutiu tanto equidade de gêneros, as consequências do machismo na sociedade e a igualdade de direitos. Nesta mesma linha, o número de mulheres empreendedoras vem crescendo cada vez mais com força. Tanto que em 2014 a ONU criou uma data para lembrar a importância do movimento e nasceu o dia mundial do empreendedorismo feminino, celebrado em 19 de novembro.
As mulheres hoje empreendem mais que homens no Brasil. Um dado do Sebrae de 2016 mostra que 51,5% de novos negócios são geridos por mulheres. Mais do que garantir serviços personalizados, o empreendedorismo feminino gera renda e possibilita o empoderamento de outras mulheres. Abaixo listamos algumas experiências de projetos desenhados por mulheres e para mulheres:
Serviços nas redes
M’Ana – Mulher conserta para Mulher: a insatisfação com a área em que trabalhavam fez com que duas jovens de 26 anos se unissem para oferecer serviços de manutenção residencial. Foi em 2015 que a dupla (foto) se conheceu, quando Ana Luisa Monteiro começou a fazer bicos de consertos para complementar sua renda. Após uma experiência de assédio dentro de sua própria casa por um entregador de gás, viu uma oportunidade de trabalho ao ajudar outras “manas” na mesma realidade.
Ao receber um folheto sobre o serviço, a arquiteta Katherine Cristine Pavvloski se ofereceu como sócia de Ana. Hoje, com quatro funcionárias na empresa, a dupla já atendeu mais de 2.000 mulheres, que entram em contato principalmente pelas redes sociais. “Conhecimento parado é conhecimento perdido”, diz Katherine, que explica ser este o motivo da oferecerem cursos para quem quer aprender a fazer seus próprios consertos. O contato pode ser feito pelo telefone ou WhatsApp no número (11) 96162-2345, e-mail e Facebook.
Beta: Como reconfigurar um sistema que é programado prioritariamente por homens, para homens? A Beta é uma robô feminista, como ela mesmo se apresenta, que utiliza código de programação para responder a esta e outras perguntas via Messenger, o chat do Facebook. Nascida dentro do Nossas, um laboratório de projetos de ativismo dedicado a criar novas formas das pessoas influenciarem e ressignificarem a política, Beta está sempre com o radar ligado em quais são as pautas feministas que merecem ser discutidas.
Assim, ela convoca a todos que já interagiram com ela a fazer pressão por meio da ferramenta do chat. Atualmente, são mais de 19 mil curtidas na página e mais de 45.000 pessoas já falaram com a Beta pelo Inbox. “Na nossa primeira campanha contra a PEC 181, em determinado momento, tivemos mais de 1500 pessoas falando com o chatbot por minuto. Foram mais de 10.000 e-mails enviados para os deputados e as deputadas que fazem parte da Comissão Especial da PEC”, conta Mariana Ribeiro, uma das criadoras da plataforma.
Tecnologia a favor da mobilidade para mulheres
Lady Driver: a ascensão dos aplicativos de mobilidade urbana trouxe também uma questão: o assédio dentro dos veículos. Pensando em uma alternativa ao problema, surgiu o Lady Driver, um aplicativo que conecta mulheres a um grupo de motoristas mulheres. Gabriela Correa, formada em nutrição, empreendeu em diversas áreas, mas foi após uma experiência negativa com empresas de transporte de passageiros que decidiu criar o app.
Em sua empreitada já são 11 mil motoristas cadastradas e atende a cidade de São Paulo, Guarulhos e, em breve, Rio de Janeiro. Ao todo, já atenderam 150 mil passageiras. Um dos objetivos do projeto é o “empoderamento feminino que é possível através da independência financeira das motoristas e da valorização da mulher ao volante. Além disso, quebrando preconceitos e machismo”, orgulha-se Gabriela.
Malalai: também na linha da segurança, surgiu um aplicativo que ajuda mulheres a escolherem caminhos na rua ao mostrar os pontos positivos e negativos da sua rota, como iluminação, presença de lojas e portarias. Também avisa a uma outra pessoa indicada pela usuária sobre a sua localização de forma automatizada. A empresa recebeu este nome em homenagem a Malala Yousafzai, jovem paquistanesa que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2014.
Empreendedorismo materno
Maternativa: a rede para mães empreendedoras nasceu no Facebook em junho de 2015 com um grupo de mulheres que queria trocar informações sobre trabalho. Desde então, o grupo se tornou um espaço de inteligência coletiva sobre mercado de trabalho e empreendedorismo materno. Hoje, contribui para que mais de 20 mil mulheres mães sigam seu caminho por meio de encontros e trocas, além de ser uma plataforma de marketplace. “A nossa rede é um espaço para a mulher se conectar com um mundo que vai além da maternidade e encontrar ali o incentivo (ou não) que precisa para tomar a decisão de voltar ao mercado de trabalho ou empreender”, resume Camila Conti, uma das fundadoras do projeto.