Ao aceitar o desafio de aprender sobre tecnologia, a fotógrafa Tuca Pulcinelli encontrou na 42 São Paulo a oportunidade de se tornar uma referência para outras mulheres na área
Quem faz a 42 São Paulo?
Nome: Thauany “Tuca” Pulcinelli
Ano de Nascimento: 1982
Cidade e Estado: São Paulo, SP.
Profissão: Fotógrafa
Turma 42 São Paulo: 2º Turma/ Fevereiro de 2021
Thauany Pulcinelli, 39, já quis ser muitas coisas. Quando era criança, sonhou em ser atriz, arquiteta, decoradora e atleta. Foram tantas vontades, que Tuca — como é conhecida — experimentou de tudo um pouco. Arquitetou oportunidades, decorou os cômodos da própria casa e foi atleta de temporada.
Já na vida adulta, trabalhou como secretária, artesã e empreendedora. Mas foi na fotografia que realmente encontrou seu projeto de vida. “Essa arte já me levou a muitos lugares e me apresentou a muitas pessoas, inclusive ao meu marido e meus melhores amigos. Além disso, me ofereceu sustento emocional e financeiro”, conta a fotógrafa.
Foi também através da fotografia que o caminho de Tuca cruzou com o da tecnologia. Durante um trabalho para uma empresa, ela teve a oportunidade de assistir palestras sobre avanços tecnológicos e a revolução digital. Por isso, passou a considerar, pela primeira vez, uma transição de carreira para esta área.
Ao procurar sobre as linguagens de programação, encontrou a 42 São Paulo. Agora, Tuca prepara-se para um novo desafio: ser referência para outras mulheres na área de tecnologia. Conheça mais sobre a história da cadete.
Conte um pouco sobre sua história
Sempre me considerei uma pessoa muito versátil, me adaptando facilmente a novas experiências. Mesmo após ter conseguido uma estabilidade profissional, sentia o peso de um mercado saturado e cheio de “mais do mesmo”.
A fotografia me trouxe muitas alegrias e foi uma porta para muitas aventuras. Mas chegou um momento em que já não havia tantos desafios. Por muitas vezes senti que podia aprimorar o que fazia com a tecnologia, inovar. Mas a correria dos dias levou muitos desses planos ao esquecimento.
Ao me deparar com a palestra sobre revolução digital, enquanto tirava fotos em uma empresa, despertei um interesse adormecido em mim. Nunca antes tive nenhuma referência de mulheres trabalhando na área de tecnologia. Conversando com uma prima sobre esse assunto, descobri que ela havia acabado de fazer a transição de carreira.
Durante a pandemia, me vi desempregada e isolada socialmente. Procurando mais sobre programação, encontrei a 42 São Paulo. A metodologia me possibilitaria conciliar os estudos e o trabalho como fotógrafa. Decidi me desafiar outra vez.
Por que escolheu participar da 42 São Paulo?
Nunca fui uma pessoa muito acadêmica. A organização hierárquica nos sistemas de ensino sempre me incomodou. Esse, inclusive, foi um dos motivos que me afastaram do Ensino Superior. Escolhi participar da 42 porque a proposta é muito diferente das demais instituições de ensino, com uma abordagem muito mais colaborativa e construtiva.
Quais foram suas impressões durante a fase do Basecamp?
Foram dias muito intensos! Mesmo diante das dificuldades financeiras e incertezas da pandemia, o Basecamp — adaptação online da fase da piscina — representou a oportunidade que eu estava esperando. Eu não tinha mais desculpas para não tentar!
Descobri mais sobre mim mesma do que podia imaginar. Achei que estava vindo para cá aprender sobre códigos e acabei aprendendo sobre resiliência, cooperação e sobre como lidar com frustrações.
Essa fase me trouxe os dias mais difíceis e também os melhores que já vivi. Duvidei de mim mesma mais de uma vez por dia, mas encontrei na 42 SP motivos para acreditar que eu conseguiria alcançar meus objetivos.
Leia mais: 42 São Paulo se reinventa durante a pandemia
A diversidade e colaboração entre os cadetes fazem parte dos valores da 42 São Paulo. Como você percebe isso no dia a dia? Há alguma experiência que gostaria de relatar?
Dentro da 42 São Paulo conheci pessoas de todos os cantos do Brasil, com bagagens diferentes, mas indo para o mesmo lugar. Ainda que inconscientemente, andávamos juntos para chegar lá. Vejo a diversidade presente em cada experiência de vida. Não senti competitividade em nenhum momento, muito pelo contrário. Me sinto acolhida.
O que diferencia este lugar dos outros que já frequentou?
O senso de comunidade e nosso aprendizado Peer to Peer (aprendizado entre pares). A troca de experiências é a chave da 42. Quando explicamos o nosso código para outro aluno, estamos aprendendo também.
Aqui na 42, posso ouvir várias pessoas apresentando pontos de vista diferentes sobre um mesmo conteúdo. Também tenho a liberdade de estudar da maneira que achar mais eficaz para o meu aprendizado. Isso é muito diferente das escolas tradicionais.
Qual foi seu maior aprendizado até o momento?
Às vezes me surpreendo quando paro pra pensar que nove meses atrás eu mal sabia o que era programar. Fazendo essa retrospectiva, posso dizer que meu maior aprendizado não foi apenas a linguagem, mas saber que eu sou capaz de aprender o que quiser. Talvez até leve um tempo, mas eu consigo!
Leia mais: Como funciona a 42 São Paulo na prática?
Você poderia dar algumas sugestões de filmes, séries, livros e podcasts que te inspiram no dia a dia?
Tenho lido muitos livros sobre linguagem de programação C — usada na criação de aplicativos e sistemas operacionais. Para quem se interessar pelo tema, indico o “Linguagem C completa e descomplicada”, do André Backes.
Mas meu filme favorito é o Fabuloso Destino de Amélie Poulain. O filme conta a história de uma jovem sonhadora que aprende a aprender a partir de pequenas situações cotidianas.
Que dicas daria para quem quer se inscrever na 42 São Paulo?
Não desista! Muitas vezes você pode se perguntar “a 42 é para mim”? Ou acreditar que tecnologia é difícil. Mas as mudanças que queremos ver no mundo tem que partir de um primeiro passo. Se queremos mais mulheres trabalhando nas tecnologias que consumimos, temos que nos inserir neste espaço. Se permita ir atrás dos seus sonhos e de oportunidades melhores.