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Além de aproximar estudantes do Ensino Médio do mercado de trabalho, hackathon desenvolve competências como liderança e trabalho em equipe

#Educação#EnsinoMédio#TecnologiasDigitais

Aluna em frente ao computador, gerando códigos e praticando a programação.

A estudante Sara Beatriz, de 18 anos, foi uma das vencedoras do Changemakers Teens 2021, um hackathon dedicado a estudantes de toda a América Latina. A maratona de programação estimulou os jovens participantes a desenvolver, em suas comunidades, soluções que contribuíssem para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

A equipe de Sara, composta por três estudantes pernambucanos, um carioca e um paranaense, criou o “SOS Tropical”, um protótipo de jogo que incentiva as pessoas a utilizarem meios de transporte menos prejudiciais ao meio ambiente, evitando ao máximo o uso de carros. A plataforma virtual usa a geolocalização dos usuários para saber suas posições, e cada vez que eles optarem por não utilizar o carro, ganham créditos para serem utilizados em lojas parceiras, além de descontos nas contas de água e luz.

A iniciativa foi premiada no hackathon, e deixou um gostinho de “quero mais” nos estudantes. “Participar de eventos assim, sem dúvida, dá mais motivação e vontade de aprender para mim e meus colegas”, afirma Sara, estudante do terceiro ano da EREM João David de Souza, localizada em Santa Maria do Cambucá, no agreste pernambucano.

Afinal, de que forma os hackathons podem ser espaços que impulsionam a aprendizagem no ensino médio brasileiro? Como as escolas podem integrar esse conceito em suas rotinas, fazendo com que mais estudantes participem de maratonas educativas de programação?

 

Aprendizagem intensa de programação

Atualmente, muitos hackathons têm apostado em equipes formadas por estudantes do ensino médio. Em paralelo, redes estaduais de ensino têm enxergado nesses eventos uma oportunidade de aprendizagem intensa de programação para seus estudantes. É o caso de Pernambuco, onde a Secretaria de Educação e Esportes (SEE) divulga hackathons em suas escolas.

“O hackathon estimula o protagonismo dos estudantes. Também vemos a proatividade das escolas e professores em incentivar os estudantes a participarem desses eventos”, afirma Paulo Bruno de Brito, gestor de mais de 300 escolas de jornada integral de 45h no estado. “O conteúdo, voltado para a linguagem da programação, é eminentemente necessário hoje em dia, em especial na vida dos jovens.”

Por isso, o gestor acredita que o conceito de hackathon poderia ser adicionado ao calendário escolar. “Como uma metodologia ativa, o hackathon pode funcionar como um diferencial no dia a dia da escola. Em nossa rede, 75% dos estudantes estão no ensino médio integral – ou seja, a maioria deles passa o dia todo na escola. Imagine o quanto aulas que trazem desafios e interação entre a turma podem fazer com que o ambiente escolar se torne ainda mais prazeroso?”, questiona Paulo.

 

Hackathon: estudante como sujeito ativo

Além de ter um grande potencial pedagógico, ao fomentar a criatividade individual e coletiva e permitir o desenvolvimento de novas habilidades, o hackathon estimula a experimentação de ideias e amplia a capacidade de comunicação dos participantes.

Diretor da EREM João David de Souza, Douglas Alves de Lima aponta como o sucesso de Sara Beatriz no Changemakers Teens 2021 impactou a escola, impulsionando o que ele define como aprendizagem compartilhada. “Fizemos rodas de conversa com ela, chamando estudantes que também têm interesse em programação e mobilizando a comunidade escolar para que ações como essa possam acontecer com mais frequência”, afirma. “Um hackathon consegue fazer o que a gente pretende com o estudante: colocá-lo como sujeito ativo de sua própria aprendizagem.”

Douglas enxerga nesse tipo de evento uma abordagem interessante do processo de ensino-aprendizagem. “A aprendizagem é melhor se o aluno lançar uma questão do que ter uma resposta pronta. O professor precisa instigar o aluno à crítica através de teorias, ideias, hipóteses. Quando um jogo o faz problematizar, buscar soluções e trabalhar em equipe, com certeza isso vai trazer resultado.”

Ainda, a aproximação dos estudantes com a programação é um elemento de destaque. “O uso dos meios de comunicação modernos não pode mais ser descartado do processo de ensino. O aluno é nativo digital, e por mais que tenhamos dificuldades no acesso aos instrumentos tecnológicos, não podemos ignorar mais esses elementos.”

 

Hackathon para resolver questões da escola

Outro estudante que participou da equipe vencedora do Changemakers Teens 2021 é Thiago Pereira, da EREM Cabo de Santo Agostinho. Sua inscrição no evento foi incentivada pelo professor de Física da escola, Elenilton Xavier. “Como professor, acompanhei todo o processo, e estava empolgado junto com eles”, confessa.

O docente reforça que uma das intenções do Novo Ensino Médio é aproximar os estudantes do mercado de trabalho, e o hackathon pode ajudar nesta jornada. “A experiência os ajudou a trabalhar em equipe, pensar a gestão de projetos e criar liderança”, observa. “A geração atual vai se formar com um potencial muito grande para o mercado da tecnologia da informação.”

E se o próprio espaço escolar fosse palco para hackathons, para que grupos de estudantes proponham soluções para problemas do ensino médio? “Estamos começando a pensar de que forma essa ideia poderia ser aplicada na escola”, revela Elenilton. “A vida escolar é bem viva. Sem dúvida, vamos conseguir adaptar um problema escolar para o formato de hackathon. Mas a falta de estrutura é um obstáculo que teríamos que vencer.”

O que é um Hackathon e como ele pode inovar a aprendizagem no Ensino Médio
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