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Entenda como a competência Cultura Digital, prevista na Base Nacional Comum Curricular, colabora com o desenvolvimento de habilidades essenciais para um mundo em constante transformação

imagem de um jovem, de óculos de grau, digitando em um computador

 

Para entender a cultura digital, basta perceber como as tecnologias digitais tornaram-se parte do cotidiano de professores e alunos no Brasil, os recursos eram principalmente utilizados como ferramenta de apoio às aulas. Mas em uma sociedade marcada pela inovação tecnológica, elas tornaram-se essenciais para o processo de ensino e aprendizagem e agora fazem parte de uma competência chave para a educação do presente e do futuro: a cultura digital.

Hoje, incorporada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e potencializada pelo ensino remoto, a Cultura Digital e o uso das tecnologias buscam promover aprendizagens significativas, apoiando educadores em metodologias que despertem maior interesse e engajamento em todas as etapas da Educação Básica.

“Por meio das tecnologias digitais, os professores podem diferenciar, personalizar a experiência de aprendizagem e obter dados que ajudem a conhecer o processo de aprendizagem de seus alunos, oferecendo experiências de acordo com ritmo, com tempo, com espaço e com desejo de seus estudantes”, explica Lucia Dellagnelo, diretora-presidente do Centro de Inovação para Educação Brasileira (CIEB).

A inserção da Cultural Digital no currículo escolar incentiva ainda um aprendizado mais colaborativo e ao mesmo tempo autônomo, em que o estudante seja protagonista na produção do próprio conhecimento. Além da compreensão para resolução de problemas, no desenvolvimento da criticidade e da participação social, entendendo o impacto das tecnologias tanto na sociedade como na vida das pessoas.

“As tecnologias digitais possibilitam que o aluno continue seu processo de aprendizagem para além das atividades da sala de aula e para a vida. Mais do que apenas ensinar essa disciplina, a cultura digital deve ter foco dentro das escolas e proporcionar aos alunos conhecimentos úteis, não somente para eles, mas para a sociedade como um todo”, complementa Lucia Dellagnelo.

 

O novo Ensino Médio

Antes de explicar com mais detalhes como a Cultura Digital integra o currículo escolar e o impacto dessa competência na vida dos estudantes, é preciso dar um passo atrás e entender as principais mudanças do Novo Ensino Médio.

Conforme definido por lei, a Base Nacional Comum Curricular deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino dos estados e municípios brasileiros, assim como as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio do país.

No Ensino Médio, a nova proposta aprovada em 2017, busca um maior alinhamento à realidade atual, possibilitando diversos caminhos que os estudantes podem seguir em seu futuro e garantindo a todos o mesmo direito de aprendizagem. As principais mudanças implicam no aumento da carga horária mínima dos estudantes, além da reformulação e a flexibilização dos currículos por meio dos chamados Itinerários Formativos.

 

Entenda a nova composição dos currículos

composição curricular novo ensino médio

E onde entra a Cultura Digital no currículo?

Base Nacional Comum Curricular considera a Cultura Digital como uma competência relacionada ao uso crítico e responsável das tecnologias digitais tanto de forma transversal, ou seja, que se faz presente em todas as áreas do conhecimento previstas no currículo, como também de forma direcionada –  tendo como fim o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao próprio uso das tecnologias, recursos e linguagens digitais.

infográfico 10 competências gerais da BNCC
A Cultura Digital é uma das 10 competências gerais presentes na BNCC e refere-se às mudanças provocadas pela tecnologia e pela internet, na forma como produzimos, consumimos e transformamos a cultura. A competência aborda o uso permanente dos recursos digitais para o processo de ensino-aprendizagem, como vídeos, áudios e animações, uso de aplicativos, redes sociais, bibliotecas virtuais, plataformas on-line, entre outros.

“Essa competência abre a possibilidade de inclusão nos currículos escolares de disciplinas ligadas à tecnologia. Não é só uma aliada no processo de ensino-aprendizagem, mas é também o conteúdo necessário para preparação dos cidadãos do século XXI”, afirma a diretora do CIEB.

Como vai funcionar na prática?

Além da formação geral básica que é referência obrigatória para todos os currículos e precisa estar alinhada à BNCC, as redes de ensino terão autonomia e flexibilidade para definir quais os itinerários formativos irão ofertar aos alunos, considerando aspectos como contexto e estrutura local, capacidade das escolas, demandas levantadas por estudantes e professores, além das competências necessárias para se adaptar ao mundo contemporâneo.

Nesse sentido, por mais que a Cultura Digital seja uma competência obrigatória prevista pela BNCC, ela poderá ser ofertada pelas escolas de diversas formas. Veja abaixo, dois exemplos práticos de como a Cultura Digital vem sendo trabalhada nos currículos de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Estado de São Paulo

Dentro do estado, a disciplina tecnologia e inovação não é optativa. Ela faz parte da grade curricular do estudante do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, desde abril de 2020. O aluno tem uma aula semanal de 45 minutos e, a cada 15 dias, uma aula que passa pelo Centro de Mídias. O centro funciona através de aplicativo, com dados patrocinados. Os estudantes têm acesso às aulas remotas e os professores também têm acesso à formação. O Centro de Mídias apoia não somente a rede estadual, mas também os municípios do estado de São Paulo.

“O preparo e o acompanhamento dos estudantes ocorrem de diversas maneiras. Uma delas é o nível de adoção em tecnologias, por meio de questionários, onde a gente compreende como os diversos atores da unidade escolar estão lidando com essa questão. Outra, é uma avaliação para entender o desenvolvimento das competências digitais que estão sendo trabalhadas com os estudantes. E também há o acompanhamento “in loco” do componente tecnologia e inovação, onde os estudantes e professores têm a oportunidade de contribuir com sugestões de aperfeiçoamento ao material didático que é realizado”, explica Débora Garofalo, Coordenadora do Centro de Inovação de Educação Básica Paulista e coordenadora da parte pedagógica de tecnologia e inovação de São Paulo.

Débora Garofalo conta que mesmo diante da pandemia foi possível ver o impacto de trabalhar essa temática com os estudantes por meio das iniciativas como o Movimento Inova, programa que reconhece as boas práticas voltadas ao uso de tecnologias educacionais e que foi realizado de forma totalmente on-line no ano passado.

“Os estudantes desenvolveram trabalhos sobre a Covid-19, como um aplicativo que identifica quando alguém precisa de uma ajuda médica. Então, a gente vê que mesmo diante desse momento, os alunos continuaram avançando através dessas aulas remotas e tendo a oportunidade de seguir trabalhando com a tecnologia e inovação”, relata.

Estado do Mato Grosso do Sul

Na matriz curricular do estado há um núcleo integrador, entre a Formação Geral Básica e os Itinerários Formativos, que promove a união entre o que o estudante deseja aprofundar com o que ele precisa desenvolver. O núcleo conta com um conjunto de disciplinas como Ciências Integradas e Novas Tecnologias; Empreendedorismo Social e Intervenção Comunitária.

“A ideia é que essas disciplinas possibilitem ao estudante a utilizar tecnologias digitais, que hoje são muito necessárias ao contexto social que vivemos, para solucionar problemas, dando um significado para aprendizagem dele”, explica Davi de Oliveira Santos, coordenador de Políticas para o Ensino Médio e Educação Profissional da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul.  “Além dessas três disciplinas do núcleo integrador, dependendo da área de conhecimento que o estudante escolher, ele vai poder ter mais um currículo complementar que envolve a temática das tecnologias digitais”, acrescenta Davi Santos.

Para o coordenador, a possibilidade de os estudantes usarem as tecnologias digitais para resolver problemas da comunidade onde estão inseridos traz um impacto positivo a longo prazo. “Se ao final de um processo de aprendizagem ele consegue criar uma solução a partir da tecnologia, nós atingimos o objetivo porque ele vai carregar isso para a vida”, finaliza.

O que você precisa saber sobre a competência Cultura Digital no Novo Ensino Médio
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