Mais de 800 educadores da rede pública se reuniram para pensar novos modelos de formação usando o Ensino Híbrido e o Pensamento Computacional como referências. A formação dos professores faz parte do programa Pense Grande Tech – Eletivas em Tecnologias Digitais
Pouco antes de 2022 acabar, professores da rede pública de Santa Catarina puderam experimentar um novo modelo de formação que uniu o Ensino Híbrido com atividades mão na massa sobre pensamento computacional. Assim, entre os dias 29 de novembro e 01 de dezembro, eles encerraram o processo formativo do Pense Grande Tech – Eletivas em Tecnologias Digitais com três oficinas híbridas, um formato inovador que possibilitou a troca entre os professores e a construção de aprendizagens.
Cinco diferentes temas foram trabalhados em três oficinas de vivência imersiva. Todos eles relacionados aos cadernos da coleção Tecnologias Digitais: Robótica Sustentável, Narrativas e Tecnologia para empoderar e Elementar meu Caro e Eureka. As aulas foram transmitidas pelo Youtube. Ao mesmo tempo, as interações entre os professores aconteceram via Zoom. Além disso, nos polos educacionais foi possível concluir as oficinas presencialmente.
Entretanto, para que a experiência das oficinas fosse ainda mais completa, os professores receberam kits preparados exclusivamente para as atividades. Assim, mesmo em diferentes locais, todos puderam ter uma formação completa com projetos práticos.
Resultados das formações em Pensamento Computacional
De acordo com Lia Roitburd, Gerente de Projetos Sociais da Fundação Telefônica Vivo, essa primeira vivência híbrida bem sucedida abre a possibilidade de outras experiências nesse sentido aos professores que participam das formações do Pense Grande Tech.
“Certamente, foi muito interessante acompanhar a participação dos professores em várias regionais. Mesmo distante, conseguimos vivenciar a interação, a construção colaborativa, e vê-los animados e dedicados até o fim de cada um dos encontros”, diz.
Ao todo, 850 professores participaram das oficinas, divididos em 37 polos. Esses números só foram possíveis por conta da parceria entre a Fundação Telefônica Vivo e Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina, com o apoio e mentoria do Instituto Conhecimento para Todos.
Uma das educadoras impactadas foi Elisandra Carmen Bison, Técnica na Coordenadoria Regional de Palmitos (SC) e responsável por 19 escolas. Ela participou da oficina Tecnologias para Empoderar. Ao passo que na formação, junto com outros professores, Elisandra criou um robô capaz de retirar resíduos dos rios, projeto que também ajudou a aprimorar a sua criatividade.
“De fato, dá para colocar o aluno para pensar, propor atividades que ele crie com o que ele tem em casa ou na escola e não espere pela solução pronta”, diz a profissional. Além disso, ela relata que, a partir da formação, se sente mais segura e direcionada para trabalhar com tecnologia durante as aulas.
Um livro feito por professores para professores
O encerramento do processo formativo dos professores que participaram em 2022 do Pense Grande Tech – Eletivas em Santa Catarina se deu com o lançamento do caderno “Pensamento Computacional na sala de aula: Uma realidade em Santa Catarina”. O e-book foi desenvolvido ao longo da formação pelos próprios educadores, a partir de suas experiências reais em sala de aula.
Entre os meses de fevereiro e julho, 50 professores se dedicaram ao aprofundamento do tema Pensamento Computacional. Aliás, isso aconteceu por meio de uma formação personalizada, fruto da parceria entre a Fundação Telefônica Vivo e a Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina e o Instituto Conhecimento para Todos.
As 70 horas de carga horária foram divididas em um encontro de abertura para retomar os conceitos. Além de encontros de mentoria, acompanhamento virtual e uma imersão presencial de 12 horas. E depois dessas etapas, os 40 professores concluintes elaboraram o e-book.
O material desenvolvido reúne 42 planos de aula com diferentes maneiras de empregar o Pensamento Computacional em sala de aula, com recursos e atividades plugadas e desplugadas. De tal forma que eles foram organizados em aulas de 45 minutos. Já a estrutura do material está dividida em planos de aula, anexos dos planos, autores e anexo geral.
De acordo com Lia Roitburd, o caderno desenvolvido pelos professores representa o “incentivo à troca entre pares e o fortalecimento das redes entre educadores para o desenvolvimento contínuo de habilidades e competências. Além disso, garante que as atividades propostas estejam contextualizadas no dia a dia de suas escolas, seja em sala de aula ou em outros espaços de aprendizagem”.
Linha do tempo: Pensamento Computacional
A formação de professores do Pense Grande Tech em Pensamento Computacional, que teve seu encerramento marcado pelo lançamento do caderno elaborado pelos docentes, iniciou no segundo semestre de 2021 com a participação de 150 professores da rede estadual. Como resultado, 90% dos inscritos chegaram até o final do processo, o que impactou diretamente 2.726 estudantes.
Foram 60 horas de imersão, divididas entre um curso EAD, disponibilizado na plataforma Escolas Conectadas, com mediação de tutoria e em formato de mentoria para a realização da atividade e multiplicação em sala de aula. Nesse sentido, o desenvolvimento do raciocínio lógico e aprimoramento das competências técnicas e sociais aprendidos no curso poderiam ser aplicados em diferentes áreas do conhecimento.
Além de ampliar os conceitos relacionados ao tema, os professores participantes entenderam como aplicá-los no dia a dia e em cada uma das áreas de conhecimento. Assim, ao final do curso, a maior demanda foi por um aprofundamento na temática do pensamento computacional.
Arquimar Guarda atuou durante 22 anos como professor de Física e Matemática na regional estadual de Chapecó (SC). Atualmente, é gestor de uma escola na região. Entretanto, ele já participava das formações de Pensamento Computacional em 2021. Nas aulas deste ano, ele foi o representante da sua instituição.
“Muitos professores já aplicam o Pensamento Computacional em sala de aula mesmo sem saber disso”, declara Arquimar. Para o educador, “o principal ganho dessa aplicação é o engajamento e transformação de estudantes em verdadeiros pesquisadores, sendo esse o principal desafio na educação”.
“À medida que os alunos desenvolvem um trabalho, surgem dúvidas e desafios que precisam ser resolvidos. Mas conforme eles pesquisam, percebem que as hipóteses do começo às vezes são frustradas. Então vão se envolver cada vez mais no anseio de corrigi-las.”, explica Arquimar.
Tecnologia em sala de aula
De fato, a relação dos estudantes com a tecnologia é variável: muitos conseguem fazer esse uso, mas não necessariamente como recurso de aprendizagem. Dessa maneira, fica mais difícil trazer a atenção deles para um contexto analógico em sala de aula. É o que afirma a professora Lucilene Américo de Castro, que leciona Artes e é coordenadora pedagógica na regional de Laguna (SC).
Lucilene é autora de duas aulas que compõem o Caderno do Pensamento Computacional em áreas diferentes, atrativas, divertidas e focadas no desenvolvimento de habilidades de competências. Ambas pensadas para essa nova realidade da educação e da sociedade como um todo.
“Estamos saindo da geração quadro e giz. São eles [estudantes] os protagonistas da própria aprendizagem”, conclui.
Sobre o Pense Grande Tech
O programa Pense Grande Tech, da Fundação Telefônica Vivo, tem por objetivo contribuir com o desenvolvimento de competências digitais em professores e alunos. Dessa maneira, apoia as redes de ensino na implementação do Novo Ensino Médio por meio da formação de educadores e da oferta de conteúdos relacionados às Tecnologias Digitais, para garantir a expansão da Cultura Digital no país. Os projetos são executados por meio de parcerias exclusivas com Secretarias de Educação.