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No Brasil e no mundo, jovens ativistas do clima lideram movimentos para exigir ação climática

#Educação

A imagem mostra um desenho que representam o planeta Terra e várias pessoas em volta

O aquecimento global e suas consequências – como derretimento de geleiras, aumento do nível do mar, secas e tempestades intensas – são notados em todos os cantos do mundo. Em janeiro, o programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) e a Universidade de Oxford (Reino Unido), divulgaram os resultados da maior pesquisa de opinião já feita sobre as mudanças climáticas.

Denominado Peoples’ Climate Vote (Voto Climático das Pessoas), o levantamento ouviu cerca de 1,2 milhões de pessoas, em 50 países. Quase dois terços dos participantes responderam que a mudança climática é uma emergência global, pedindo maior ação por parte dos governantes para enfrentar a crise.

Não é para menos – as últimas duas décadas foram as mais quentes dos últimos mil anos, e as projeções do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) indicam que nos próximos 100 anos a  temperatura média global pode aumentar 1,8°C e 4,0°C, e o nível do mar pode subir até 0,59 metros. Para completar, de acordo com o relatório da Organização Mundial de Meteorologia 2019, os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera alcançaram alta recorde.

 

Força do futuro

Em meio a esse cenário desafiador, jovens ativistas do clima se tornam uma força cada vez mais potente. A pesquisa da ONU ouviu meio milhão de pessoas com menos de 18 anos, e mostrou que esse grupo era o mais propenso a ressalta a urgência do tema. No Brasil e no mundo, despontam jovens lideranças dispostas a promover transformações e fazer a diferença.

Ana Luiza Pinheiro, de 19 anos, de Belém do Pará, integra o time de voluntários da aliança Friday for Future Amazônia e da coalizão Volta Grande do Xingu. “No dia 19 de março começa nossa Greve Global pelo Clima e o tema é ‘chega de promessas vazias’. Existe um relógio do clima que indica que nós temos apenas seis anos até enfrentarmos um colapso ambiental e a gente só vai mudar isso com o apoio de políticos e empresas tendo atitudes mais sustentáveis”, explica.

O Fridays for Future, também conhecido como Greve Global pelo Clima, é um movimento internacional de estudantes que exigem ações dos líderes políticos para evitar as mudanças climáticas. Ele começou com a ativista sueca Greta Thurnberg. Em 2018, aos 16 anos, ela faltou às aulas para pressionar o governo sueco a cumprir o Acordo de Paris, um tratado mundial para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Com esta iniciativa, Greta inspirou os estudantes de todo o mundo –  como Ana Luiza.

Mais vulneráveis, mais afetados

O aquecimento global está afetando a todos. Mas, segundo a ativista e bióloga Nayara Almeida, 23, certamente os mais pobres e vulneráveis sofrem mais, especialmente mulheres periféricas. “Após chuva, eu consigo ver no jornal local do Rio de Janeiro quem são as pessoas que sempre perdem tudo”, aponta.

Procurando aliar o estudo da biologia com a atuação humana, Nayara se voluntariou no projeto Engajamundo, organização de liderança jovem que acredita na importância da atuação da juventude para enfrentar os maiores problemas ambientais e sociais do mundo.

Na ONG, ela conheceu o movimento Fridays For Future. “A partir daí, minha vida tomou um rumo que eu nunca tinha imaginado. Em 2019, eu passei a fazer greves toda semana, fui selecionada pela delegação do Engajamundo para ir para o COP 25, e pude estar em contato com atores que estavam realmente fazendo a diferença”.

Desde agosto, ela coordena um projeto de educação climática para jovens de periferias e favelas do Rio de Janeiro, o Brota no Clima. A partir deste projeto foi criado o Marcha Periférica, rede social que dialoga com o jovem mais conectado de São Gonçalo e da baixada fluminense, e o jornal comunitário Clima Perifa, para falar sobre mudanças climáticas no Rio de Janeiro. Nayara também coordena a produção do podcast do Engajamundo “Pimenta pra Jovem é Refresco”.

Como engajar?

Embora a participação dos jovens no combate às mudanças climáticas seja crescente, como mobilizar aqueles que ainda não despertaram para a causa?

“Ao mesmo tempo em que esta é uma pergunta é muito difícil, é também muito fácil, porque a gente vive em uma era digital”, defende a arquiteta e voluntária do Greenpeace, Maylla Costa. “Quando a gente pensa em engajar o jovem e as crianças precisamos usar as mídias”, defende.

A jovem dá como exemplo a parceria do Greenpeace com o canal infantil Mundo Bita. Juntos, eles lançaram, em março deste ano, a segunda canção do álbum Bita e os Animais 2. Com a música “Amigo Baleia“, além de aproveitar o som e dançar na sala de casa, as crianças também aprendem sobre a importância de respeitar a natureza e preservar os oceanos. Ou seja: a principal forma para engajar a população é por meio da informação.

Dica de conteúdos para saber mais

Quer saber mais sobre a temática ambiental, mas não sabe por onde começar? Veja os conteúdos que as ativistas Maylla, Ana Luiza e Nayara indicam:

  • Documentário Nosso Planeta, que mostra 50 países e reúne imagens nunca antes vistas da Terra (disponível no Netflix).
  • Livro A terra inabitável: Uma história do futuro, de David Wallace-Wells. O autor joga luz sobre os problemas climáticos e o futuro próximo: falta de alimentos, emergências em campos de refugiados, enchentes, destruição de florestas e desertificação do solo.
  • Site Modefica: conteúdos sobre moda, veganismo, meio ambiente, e cultura.
  • Newsletter Clímax: curadoria de notícias e discussões sobre a crise climática.
  • TextoReciclagem é uma farsa?“. Cristal Muniz, do blog Uma Vida Sem Lixo , mostra como surgiu a reciclagem e o que precisaria ser feito para que  fosse mais eficiente.

Leia também: 10 podcasts para ficar por dentro de temas ambientais no Brasil

Pesquisa da ONU mostra comprometimento da juventude em salvar o planeta das mudanças climáticas
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