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Pesquisa "Tecnologias Digitais nas escolas municipais do Brasil - cenário e recomendações", lançada durante a Bett Brasil 2023, mostra dados e aponta caminhos para uma adoção qualificada do ensino digital nas escolas.

#Educação#Parcerias#TecnologiasDigitais

Imagem mostra o palco da Bett Brasil, onde estão sentados em uma palestra os representantes das instituições responsável pela pesquisa lançada durante o evento

Identificar como o ensino de tecnologia está presente nos currículos das redes municipais de educação e quais são as estruturas oferecidas pelas secretarias para que esse aprendizado seja implementado na prática. Esses são os objetivos da pesquisa Tecnologias Digitais nas escolas municipais do Brasil – cenário e recomendações, lançada em 10 de maio, durante o Bett Brasil 2023, realizado em São Paulo.

O painel de lançamento contou com a participação de Liz Glaz, Diretora-presidente da Fundação Telefônica VivoJulia Sant’anna, Diretora-executiva do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb)Ernesto Martins Faria, Diretor-executivo e fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), e o Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime)Luiz Miguel Garcia, com a mediação de Tatiana Klix, Diretora do Porvir.

O estudo aponta que uma entre cinco redes municipais do Brasil (21%) ainda não tem o ensino de Tecnologia e Computação no currículo dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Já nos anos finais, o índice cai para 17%. E em relação a Educação Infantil, 37% das secretarias afirmam ainda não contar com a disciplina na grade curricular.

De acordo com Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da Undime, as informações apresentadas pela pesquisa apontam que as tecnologias digitais não fazem parte da vida dos estudantes na escola. Apesar de muitas respostas do estudo trazerem um uso “transversal” em seu currículo. “A pesquisa mostra como colocar no chão da escola as questões práticas e aponta que precisamos de um foco. E ele é um componente estratégico fundamental para transformarmos esse panorama”, comenta durante o painel de lançamento no Bett Brasil 2023.

Além disso, a pesquisa traz dados sobre a criação de equipes dedicadas ao planejamento e implementação do uso de tecnologias digitais no ambiente escolar. Ao todo, 73% das redes municipais não possuem profissionais dedicados à função de acompanhar a utilização de tecnologias digitais nas escolas.

Ernesto Martins, Diretor-executivo e fundador do Iede, comentou que o ensino de tecnologia tem que ser para todos. “Alguns professores são colocados como multiplicadores. Mas isso de fato é efetivo? Todos devem estar interessados e devemos falar sobre a desigualdade. E a pesquisa é bem taxativa nesse sentido”, ressaltou.

A pesquisa é resultado de uma parceria entre a Fundação Telefônica Vivo, o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com apoio técnico do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede).

Desigualdades evidentes 

Ao todo, foram consideradas as respostas de 1.065 municípios na pesquisa, espalhados por todos os Estados e as análises foram divididas em duas etapas: quantitativa, com base em respostas on-line, e qualitativa, que englobou visitas presenciais a quatro municípios. Como resultado, o estudo revela que há um longo caminho a ser percorrido para uma adoção qualificada de tecnologia nas escolas. E que para algumas redes de ensino o trajeto parece mais desafiador do que para outras.

Painel de lançamento da pesquisa Tecnologias Digitais nas escolas municipais do Brasil – cenário e recomendações

Nesse sentido, a análise dos dados considerou o nível socioeconômico (NSE) dos estudantes atendidos pelas redes de ensino. Assim como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) alcançado por cada secretaria. Isso foi feito com o objetivo de identificar possíveis desigualdades. De fato, os resultados mostram que há diferenças significativas entre redes com diferentes condições econômicas.

Nos anos iniciais, entre as secretarias que atendem a um percentual maior de estudantes de baixo nível socioeconômico, o percentual que diz que o currículo não engloba o ensino de tecnologia e computação é o dobro do registrado entre as redes que estão classificadas entre o nível socioeconômico mais alto, (30% contra 15%).

De acordo com Julia Sant’Anna, Diretora-executiva do CIEB, receber essas respostas revela a realidade das escolas. “A governança precisa ajudar no avanço da formação de tecnologia, é urgente. Certamente, integrar tudo isso dá trabalho. Mas que a gente conviva com esse desconforto. Sem dúvida, precisamos começar a colocar isso tudo prática”, afirmou durante o evento de lançamento.

 

Formação continuada

Outro aspecto investigado no estudo revela dados importantes sobre a formação continuada para os educadores, que reflete como os profissionais da educação estão sendo preparados paras as atuais demandas da sala de aula. Cerca de 39% das redes municipais de ensino responderam que não há formação continuada para docentes sobre essa temática (44% nas regiões Sudeste e Nordeste).

Por meio do recorte baseado no nível socioeconômico, os dados revelam que quase metade (49%) das redes que atendem estudantes de nível socioeconômico mais baixo não oferecem formações para educadores sobre tecnologias digitais, contra 32% das redes classificadas no índice mais alto. Em relação às faixas de Ideb, a diferença é de 15 pontos percentuais. Sendo que 45% das que estão no nível mais baixo não oferecem formações e 30% daquelas no nível mais alto.

O estudo provoca o pensamento sobre dores dos educadores e evidencia que a formação para professores em tecnologia e computação é um dos maiores desafios. Quando solicitadas a elencar as três prioridades para os próximos anos para o ensino de educadores, a alternativa mais citada pelas secretarias (78%) foi a de “formações em tecnologia e computação para os professores da rede”.

Julia Sant’Anna, Diretora-executiva do CIEB, Lia Glaz, Diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo, Luiz Miguel Garcia, Presidente da Undime, e Tatiana Klix, Diretora do Porvir

“Quando olhamos para pesquisas sobre as competências digitais, notamos que as licenciaturas não recebem essa formação e os educadores novos entram na escola sem essas habilidades. Então, isso piora no cenário atual”, ressalta Lia Glaz, Diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo.

Ainda de acordo com Lia, se não houver um olhar para essas temáticas, desde o Ensino Fundamental, quem fica de fora são os alunos de baixa renda e de escolas públicas, como visto na pesquisa. “Não devemos olhar apenas para equipamento. Vamos olhar de forma integrada, para que possamos mobilizar mais as governanças e as secretarias. O terceiro setor pode apoiar nessa aprendizagem e mobilização para a ação prática”, conclui Lia.

Para saber mais detalhes sobre o estudo, clique aqui e baixe o conteúdo completo gratuitamente.

Escolas Conectadas 

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