Lançada em junho de 2020, os dados da pesquisa trazem a perspectiva dos estudantes, dos educadores e dos gestores de escolas brasileiras sobre o acesso a recursos tecnológicos, apontando caminhos para as políticas públicas educacionais.
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) são essenciais para o cotidiano das mais diversas áreas. Das operadoras de telemóveis até os hardwares e softwares, o objetivo é reunir informações e auxiliar na comunicação delas. O acesso — ou a falta dele — a essas tecnologias determinam condições de trabalho, educação, saúde e desenvolvimento de comunidades. Mas, afinal, quem tem acesso às tecnologias da informação na prática?
Com o intuito de responder a essa pergunta e direcioná-la para o sistema educacional, a 10º edição da pesquisa TIC Educação foi lançada, em junho de 2020, ajudando ainda, a apontar caminhos para políticas públicas pós-pandemia.
Realizada pelo CETIC (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), a pesquisa nacional levou em conta entrevistas com estudantes (11.361), professores (1.868), coordenadores (954) e diretores (1.012) de escolas públicas e privadas, nas áreas urbanas e rurais.
Os dados foram coletados entre agosto e dezembro de 2019, presencialmente e durante o ano letivo. Os números aprofundam temas relacionados não apenas à infraestrutura tecnológica das escolas, mas também ao uso e apropriação dessas tecnologias nos processos de ensino-aprendizagem.
“Com as medidas de distanciamento social e o fechamento das escolas, o acesso à internet transformou-se em um elemento essencial para toda a população. Mais do que nunca, milhões de brasileiros e brasileiras em idade escolar, passaram a depender de infraestrutura adequada e tecnologias para acessar a educação”, afirma Alexandre Barbosa, gerente do CETIC.
Apesar de terem sido recolhidos antes da pandemia de coronavírus, os mais de 180 indicadores, separados em tabelas e disponíveis gratuitamente ajudam a traçar estratégias para as mudanças trazidas no contexto educacional de hoje.
Estratégias de interação a distância
A partir de março deste ano, quando as medidas de isolamento social passaram a valer, as escolas tiveram de se reestruturar rapidamente para dar continuidade à aprendizagem dos estudantes.
Os dados da TIC Educação 2019 mostram que algumas escolas urbanas já contavam com uma plataforma de aprendizagem virtual complementar: 64% delas são colégios particulares e apenas 14% das escolas públicas fazem parte desse grupo. Dentro dessa porcentagem, 19% correspondem a escolas estaduais, enquanto as municipais ocupam 10% do total.
As escolas que não faziam uso de nenhum tipo de plataforma, recorreram às páginas e perfis nas redes sociais para manter o contato com os estudantes e suas famílias. Mesmo antes da pandemia, este era o segundo maior canal de comunicação das escolas urbanas, perdendo apenas para o e-mail institucional.
Quanto aos estudantes, 85% deles já tinham perfil no WhatsApp e 61% utilizavam essa rede social para fazer tarefas escolares. Esse número, no entanto, corresponde em maior parte à faixa etária do Ensino Médio.
Leia também: Tecnologia na escola: aliada ou inimiga?
Desenvolvimento de habilidades digitais
“Em um cenário ideal e planejado de educação a distância, o que se requer dos alunos e educadores é capacidade de organização, autonomia e autoria. Estudantes que conseguem organizar o próprio estudo, ir além do conteúdo, tem autonomia para gerir o próprio aprendizado e partir em busca de novos recursos”, diz Daniela Costa, coordenadora da pesquisa TIC Educação.
Uma das preocupações do levantamento foi entender como anda o desenvolvimento de habilidades digitais como comunicação, criação de conteúdos, orientação para atividades de aprendizagem online, buscas e acesso à informação.
Segundo a coordenadora, a leitura que se faz desses dados é que ainda é preciso dedicar mais atenção à forma de usar a internet. A educação midiática e a cidadania digital, bem como a apropriação de recursos digitais no aprendizado, que incentivam a autoria e não apenas o consumo, precisam avançar.
“Temos a impressão de que, por esses jovens usarem intensivamente a internet, é mais fácil para eles se adaptarem ao novo modelo tecnológico de aprendizagem. Mas o que a pesquisa mostra é que a mediação dos educadores e da escola é muito relevante para garantir aprendizado efetivo”, conclui Daniela.
Uso de tecnologias por educadores
Uma vez reconhecido o papel fundamental do professor quando o assunto é tecnologia, é importante que eles também recebam atenção e preparo para lidar com os recursos digitais. A sobrecarga de trabalho, principalmente durante a quarentena, traz desafios para garantir a aprendizagem e ainda reunir esforços para reinventar as práticas pedagógicas.
Apesar da maior parte das questões estarem relacionados à infraestrutura, há também uma necessidade crescente de cursos e formação continuada oferecida para aprimorar as habilidades digitais dos educadores.
TIC na prática para educadores
Para educadores em busca de uma visão mais aprofundada sobre o uso das TIC no processo de ensino-aprendizagem, a plataforma Escolas Conectadas – que faz parte do ProFuturo, programa global da Fundação Telefônica Vivo e da Fundação Bancária “la Caixa”- oferece alguns cursos gratuitos que auxiliam a incorporar as TIC no planejamento didático, explorando desde conceitos básicos até conhecimentos mais avançados e exemplos de experiências educativas inovadoras.
O programa ProFuturo tem entre suas premissas a formação continuada de educadores e a troca de conhecimento para a construção de uma Educação mais alinhada às necessidades do século XXI. O Escolas Conectadas é das umas iniciativas que fazem parte do compromisso em propagar a inovação educativa, por meio da inclusão na cultura digital e a aplicação de metodologias inovadoras.
Já o projeto Aula Fundação Telefônica Vivo (AFT), lançado em 2013, reuniu as experiências de distribuição de equipamentos e formação para professores brasileiros a fim de contribuir para a melhoria na qualidade da educação através do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação.
No intuito de documentar a experiência, a série “Cadernos AFT” registrou em seis volumes os aprendizados do projeto. O caderno “Infraestrutura Tecnológica” e o “Multiletramentos” são dois exemplos que dialogam com os dados expostos pela pesquisa e trazem ideias para partir em busca dessa inserção com consciência e igualdade de acesso para todos.
A pandemia causada pela Covid-19 impactou toda a sociedade e trouxe muitos desafios para áreas essenciais do país. Diante deste cenário, estamos realizando diversas ações humanitárias em prol da área da saúde e no combate à fome, além de iniciativas de educação e voluntariado digital. Conheça todas as ações!