Estudo é um dos mais respeitados do Brasil e revela que entre 2019 e 2021 o número de escolas públicas que ofereciam modalidades remotas de ensino saltou de 14% para mais de 90%.
A oferta de algum tipo de ensino remoto em conjunto com o ensino presencial esteve presente em cerca de 90% das escolas representadas na pesquisa TIC Educação de 2021, segundo relatório divulgado no dia 12 de julho.
Realizada desde 2010 pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), essa pesquisa é um dos estudos mais respeitados do Brasil sobre tecnologias informacionais e educação. O trabalho tem o objetivo de investigar o acesso às tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas públicas e particulares brasileiras de educação básica.
Normalmente, são consultados gestores, mas em 2021 – período em que algumas redes de ensino planejavam a abertura das escolas, enquanto outras ainda permaneciam fechadas – a pesquisa foi realizada apenas com professores.
Pesquisa TIC Educação mostra uma mudança significativa no uso de tecnologias digitais nas escolas em 2021
A grande oferta da modalidade híbrida de ensino no ano passado representa uma profunda mudança na forma como as escolas (especialmente as públicas) pensam o ensino e a aprendizagem. Em 2019, antes da pandemia, apenas 14% das escolas públicas utilizavam algum ambiente virtual de aprendizagem. Nas escolas privadas, esse número chegava a 64%.
Pesquisa TIC Educação revela diferenças entre os níveis das dificuldades de professores de escolas públicas e privadas
Mas os dados mostram desafios e dificuldades enfrentados por professores ao longo de 2021 no uso das tecnologias. Neste ponto, chama a atenção as diferenças entre escolas privadas e públicas. A falta de dispositivos e acesso à internet nos domicílios dos alunos afeta 60% dos professores de escolas privadas, frente a 91% dos professores de escolas públicas. Enquanto 86% dos educadores das redes públicas tiveram dificuldade de contato com seus alunos neste período, 69% dos profissionais de escolas privadas apontaram o mesmo problema. Nas escolas privadas, 60% dos professores enfrentaram dificuldade no atendimento de estudantes com deficiência, nas escolas públicas esse número vai a 80%. A maior diferença, no entanto, está no atendimento a alunos em condição de vulnerabilidade social. Esse é um desafio de 72% dos professores de escolas públicas e de apenas 27% dos que ensinam em escolas privadas.
Mais trabalho para professores e dificuldades para usar tecnologias
No entanto, em alguns pontos, professores de escolas públicas e privadas expressaram o mesmo nível de dificuldade. O aumento da carga de trabalho dos professores foi levantado por 86% dos profissionais das redes públicas, algo muito próximo aos 82% da rede privada. A falta de habilidade para realizar atividades educacionais com os alunos com o uso de tecnologias é um desafio de 69% dos professores públicos, quase o mesmo acontece no setor privado de educação, 65%.
Pesquisa TIC Educação mostra as diferenças de infraestrutura entre escolas públicas e privadas
O estudo do Cetic.br revela que na raiz destes diferentes níveis de dificuldade entre professores das redes pública e privada está uma profunda diferença de infraestrutura. Entre os professores de escolas públicas que participaram da pesquisa, 82% disseram que existe um número insuficiente de computadores por aluno, enquanto 49% dos profissionais de escolas privadas responderam isso. A baixa velocidade de conexão à Internet afeta 72% dos professores de escolas públicas. Esse número cai para 54% na rede particular. A ausência de curso específico para o uso do computador e da internet afeta 36% dos que trabalham em escolas privadas e chega a 66% nas escolas públicas. Bem como a falta de apoio pedagógico aos professores para o uso do computador e da internet, que é um problema para cerca de 40% dos professores das redes públicas e de apenas 14% nas escolas privadas.
A coleta de dados foi feita pelo telefone e envolveu entrevistas com 1.865 professores de todo o território nacional, entre setembro de 2021 e abril de 2022. Pela primeira vez foram incluídos professores de áreas rurais.