A plataforma é um dos projetos da Fundação Telefônica Vivo e incentiva o desenvolvimento de empreendedores de periferias urbanas e rurais. Saiba mais!
Plataforma de Desenvolvimento de Empreendedores realiza encontro de imersão
Jovens de catorze projetos, de vários estados brasileiros, passam uma semana planejando o desenvolvimento de seus negócios locais.
Na sala amadeirada, que preserva o cheiro fresco da Mata Atlântica paulista que circunda, o empreendedorismo tem forma, bocas e jeitos de um Brasil plural. Ali, Maranhão e o Vale do Jequitinhonha dividem mesa, papel e caneta, enquanto o aplicativo de São Paulo conversa com outro de Santarém no Pará. O sonho de montar um negócio, vê-lo crescer e impactar sua comunidade materializou-se na semana de imersão da Plataforma de Desenvolvimento de Empreendedores (PDE), projeto da Fundação Telefônica Vivo em parceria com a Aliança Empreendedora e o Instituto Quintessa.
A plataforma incentiva e apoia o desenvolvimento de empreendedores de periferias urbanas e rurais. Foram selecionadas 14 iniciativas de impacto social nas cidades de Santarém (PA), Cabrália (BA), Codó (MA), Caicó (RN), Acaraú (CE), Jequitinhonha (MG) e São Paulo (SP). Os jovens escolhidos são acompanhados ao longo de dez meses por dois assessores que prestam auxílio virtual e presencial. Eles também contam com orientação de especialistas em marketing e programação, uma bolsa para se dedicarem ao projeto, e por fim, um investimento para dar início ao negócio.
O encontro em São Paulo foi o primeiro de três imersões presenciais, que visam trabalhar o que não se consegue virtualmente, que é atitude, mudanças de comportamento do mercado e relacionamento com os clientes. A reunião também possibilita que os empreendedores conheçam outros projetos e os assessores que trabalharão com eles ao longo dos meses. Os jovens tiveram uma semana de atividades, brincadeiras, orientações e reuniões de planejamento. E embora tenha sido uma semana de trabalho duro, o que se via estampado no rosto deles era a perspectiva animadora de sair da incubação com um plano de negócios estruturado e com chances mais do que reais de ativar suas ideias.
E de onde vem essa chama, esse desejo de empreender não só para si, mas para a manutenção da sua cultura regional? Para Gabrielle de Jesus e Tainá Bonfim, criadoras da plataforma de e-commerce Made in Cabrália, a vontade é de valorizar o artesanato de sua região, erroneamente confundida com Porto Seguro: “Eu sou de uma família de artesãos, nasci em berço artesanal e conheço sua história e luta. Às vezes, brigo com meu pai, pergunto por que ele ainda assina como Porto Seguro, e ele diz que é o que o turista pede, mas ele está mudando isso devagar, por causa do nosso projeto de reconhecimento da arte local”, conta Tainá.
Já para Felipe Matos de Souza e Jussara Gomes, idealizadores do Redondo Centro Multimídia, a criação de um espaço cultural no Vale do Jequitinhonha é uma maneira de lutar contra a corrente mediática que insiste em rotular a cidade e não valoriza sua imensa expressão artística. Além da projeção do espaço físico, eles estão criando um site que vai detalhar a biografia dos artistas locais, bem como seus processos criativos, além de dicas de turismo para o Vale.
Maickson Bhoim e Taissir Wilkerson Ginhares são de Santarém, no Pará. Eles identificaram a demanda que existe por informação pelo transporte fluvial que circula pelo município, altamente turístico. Nasceu então a ideia do site Embarcar, que facilita a comunicação entre as empresas de turismo fluvial e quem quer comprar seus serviços. A imersão, segundo os dois, só tem a somar em seu negócio. “Além da interação, de conhecer cada pessoa e a realidade de seus locais de trabalho, eu vejo que a incubação é um momento de desconstrução e construção de novas ideias, aprimoramento e a descoberta de potencialidades e aptidões que nem sabíamos que tínhamos!”, conta Taissir.
Todos os projetos entrevistados, desde a ideia de construir uma oficina de conserto e disposição de eletrônicos no meio de uma reserva florestal até a criação de um aplicativo que aconselhe jovens a como fazer seu primeiro currículo e se portar no emprego, fazem parte de um movimento em que a Fundação Telefônica Vivo aposta: o micro-empreendedorismo para potencializar o desenvolvimento de regiões afastadas, principalmente se tecnológico. Petrina Teixeira, assessora de projetos, completa: “É muito interessante ver como o empreendedorismo digital é essencial. Temos hoje índios programando, e a sinergia e a conexão entre o que é local e o que é o mundo. Às vezes, o empreendedorismo digital chega, mas não é palatável, então quem é da região consegue traduzir, mexer com a essência e criar um projeto digital a que todos tenham acesso”.
O próximo encontro de imersão do PDE está marcado para setembro deste ano. A vontade da equipe de mentores e de todos os participantes dos 14 projetos é de que, até lá, os projetos que já começaram estejam amadurecidos, e os que estão em sua fase inicial tenham seu protótipo já finalizado. A concretização desses negócios não é somente benéfica para o empreendedor: é a criação de uma política social onde ninguém melhor que o habitante local para entender das demandas de sua região e propor para elas soluções humanistas e conscientes.