A plataforma, iniciativa da Fundação Telefônica Vivo, Instituto Natura e Instituto Inspirare, reúne mais de 4 mil Objetos Digitais de Aprendizagem (ODAs).
Secretarias de educação se apropriam de objetos digitais para renovar seus métodos de ensino.
Sendo um país de proporções continentais, cada região do Brasil carrega particularidades de sua formação histórica e cultural. Por isso, é importante que os projetos criados por secretarias estaduais e municipais permitam uma flexibilidade de conteúdo, adequados ao que cada localidade precisa. Essa maleabilidade nem sempre é possível de se conseguir no mundo concreto, mas as ferramentas digitais oferecem alternativas inovadoras para customizar os processos pedagógicos. É o caso do projeto Escola Digital.
A plataforma, iniciativa da Fundação Telefônica Vivo, Instituto Natura e Instituto Inspirare, reúne mais de 4 mil Objetos Digitais de Aprendizagem (ODAs), entre vídeos, mapas, games e infográficos. Todo o acervo é gratuito e aberto à customização, o que significa que as secretarias de Educação e educadores podem se apropriar dos objetos e fazer neles modificações, como adicionar e reposicionar conteúdos e/ou personalizar o layout da plataforma. O projeto também oferece cursos de formação a distância para que os professores se capacitem a utilizar os objetos.
É justamente por sua habilidade de ser flexível e se adequar as especificidades de cada região que o projeto está expandindo fronteiras e alcançando novas regiões do país. São Paulo, Paraná, Pernambuco, Santa Catarina, Acre, Rio Grande do Sul, Sergipe, Amazonas, Minas Gerais, Espírito Santo, Alagoas e Paraíba são os estados que customizaram a plataforma, enquanto Fortaleza, Salvador, Jacareí, Caçapava, Mogi-Mirim, Potim, Gramado, Salto e Macaé são os municípios que também usam a plataforma. Todos se apropriaram dos objetos para potencializar os processos de aprendizagem de suas cidades, como também a forma de os educadores e os alunos interagirem com objetos digitais.
Gleice Moreira, coordenadora de tecnologia educacional da Secretaria de Educação do Acre, conta que há um ano eles estão desenvolvendo conteúdo para a Escola Digital e que, no início de 2016, ele começou a ser aplicado nas salas de aula com a Educ Acre. “Queríamos uma plataforma que atendesse as nossas especificidades, e acreditamos que a Escola Digital possa ajudar a melhorar os índices escolares.”
Por mais paradoxal que a ideia seja, Gleice acredita que o virtual, quando bem estruturado, pode auxiliar os alunos a aprender sobre o concreto. “Os objetos digitais fazem com que o aluno tenha contato com o assunto, às vezes de modo muito mais real do que um livro didático ou discurso de um professor.” Ela exemplifica: quando um aluno for usar a tabela periódica de química oferecida pela plataforma, ele pode entender sobre o elemento e sobre suas formas de aplicação, o que seria difícil se ele tivesse apenas que decorar a informação de um material impresso.
No Paraná, o professor Eziquiel Menta, da diretoria de Políticas e Tecnologias Educacionais, reforça a importância da formação presencial feita para 32 regionais do Estado, onde os educadores envolvidos puderam conhecer o potencial da plataforma. No caso do estado, o layout do projeto Escola Interativa foi customizado imageticamente, além de ter se dividido em categorias que o estado julga interessantes, como Diversidade e Direitos Humanos.
“Tecnologias como a Escola Digital permitem aproximar as pessoas”, ele conclui, dando o exemplo de que, quando um professor sugere o uso de um objeto que ele próprio utilizou dentro da sala de aula, outros educadores podem enviar comentários ou até mesmo um relato sobre sua experiência, criando um debate. “Só este movimento já permite criar uma grande comunidade e compartilhar saberes.”
Para o gestor de projetos da Secretaria Municipal de Jacareí (SP), Antônio Barreto, o grande desafio de unir tecnologia e pedagogia é desmanchar as barreiras que impedem as duas áreas de contribuir uma com a outra. O material disponibilizado pela Escola Digital pode funcionar para que áreas distintas dialoguem. Ainda em fase de implementação, o projeto EducaMais Digital está sendo curado por professores para entender quais objetos são relevantes para os processos pedagógicos.
Amazonas, Minas Gerais e Sergipe também estão customizando seus conteúdos e aumentando a malha de alcance da plataforma Escola Digital. As possibilidades de alteração e adição de conteúdos são quase tão infinitas quanto os territórios que podem ser alcançados, e o projeto, construído e pensado por professores, educadores e alunos, dá continuidade à necessária invocação que precisa alcançar as instituições de ensino tradicionais.