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No Setembro Amarelo, mês voltado para campanhas relacionadas à prevenção ao suicídio, conheça cinco serviços que podem auxiliar estudantes e educadores a lidar com o tema

Todos os anos, no mês de setembro, campanhas ao redor do mundo chamam atenção para a importância da prevenção ao suicídio.  Em 2020, a população global se vê diante de mais uma crise de saúde pública: a pandemia de coronavírus. Com escolas fechadas, economia abalada e o isolamento social como principal medida de precaução, cuidar da saúde mental é tão central quanto combater o novo vírus.

Segundo dados recolhidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016, uma pessoa comete suicídio a cada quarenta segundos, o que significa um total de 800 mil mortes por ano. A maior parte dessas pessoas tem entre 15 e 24 anos, traduzindo um cenário ainda mais preocupante para os jovens.

Desde o ano de 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu o dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A ideia é ter a data como marco, considerando o suicídio como uma crise de saúde pública e, portanto, responsabilidade da sociedade e da comunidade internacional como um todo.

A exposição à violência, ao álcool e as drogas, problemas familiares, desigualdade social e até mesmo os processos de afastamento do coletivo, que tornam mais frequentes os sentimentos de ansiedade e depressão, são parte dos multifatores que podem induzir ao suicídio.“O suicídio não é um fenômeno de causa única. É importante termos em mente que esses fatores não estão somente relacionados ao indivíduo e suas questões familiares ou transtornos mentais, eles estão diretamente conectados com o contexto social e coletivo”, explica Alcione Marques, psicopedagoga e diretora da NeuroConecte, consultoria de aprendizagem emocional e neurociência educacional.

Por outro lado, a OMS afirma que 90% dos casos podem ser evitados a partir de políticas públicas e estratégias voltadas para a saúde mental em diversas esferas da sociedade.

O papel da escola na prevenção do suicídio

Embora o diagnóstico e o tratamento estejam relacionados à área da saúde, a sociedade como um todo tem a responsabilidade de promover um ambiente adequado para o desenvolvimento saudável. Partindo dessa perspectiva, a escola ocupa um papel fundamental por ser um espaço de construção do coletivo e repertório cultural.

“Hoje nós lidamos com um contexto muito mais amplo de sociedade, que nos traz mais oportunidades de conexão e acesso à informação, ao mesmo tempo em que demanda competências para lidar com tamanha complexidade”, defende Alcione. “Por isso a importância de pensar em processos estruturados que trabalhem as habilidades socioemocionais na escola, passam a ser recursos valiosos para entender o mundo em que vivemos”.

Na opinião da especialista, da mesma forma que se estuda os sistemas imunológico, digestivo, circulatório, é preciso aprofundar também o entendimento do cérebro, das emoções e como elas afetam o desempenho de atividades básicas. Quebrar o tabu e trazer temas como transtornos mentais e saúde emocional é o primeiro passo para a prevenção.

“Grande parcela dos suicídios está diretamente relacionada à saúde mental. Se o jovem encontra um espaço de acolhimento e aprende a lidar com a frustração, a ansiedade e o estresse, entende as próprias emoções e as do outro, isso diminui os fatores que podem levar ao suicídio”, acrescenta Alcione.

A psicopedagoga reforça, ainda, que é importante cuidar da saúde mental dos educadores, bem como capacitá-los para saber reconhecer sinais e criar um ambiente de escuta e proteção para os estudantes.

Setembro Amarelo: Ampliando o debate

Ainda segundo o último relatório da OMS, no Brasil a taxa de suicídio a cada 100 mil habitantes cresceu 7%, em contrapartida ao índice global que caiu 9,8%. As estatísticas também mostram que países de baixa renda ou alta desigualdade social têm as maiores taxas de suicídio, podendo chegar a 11,5%. Somando isso à estimativa de que o suicídio é mais comum entre os jovens, cerca de ¼ da população economicamente ativa está em risco.

Para conscientizar a sociedade brasileira sobre a importância de combater essa crise de saúde pública, a campanha Setembro Amarelo acontece há cinco anos e foi criada em uma parceria entre o CVV (Centro de Valorização a Vida), o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Em 2020, o foco principal é a saúde mental durante a pandemia. A ideia é aproveitar que a procura por atendimentos psicológicos aumentou, sobretudo pela possibilidade de fazê-los online, e ampliar ainda mais o debate para incentivar o investimento em centros de atendimento psicossociais, investir na formação de profissionais da área de saúde mental e valorizar o autocuidado.

A psicopedagoga Alcione Marques volta a ressaltar a importância desse espaço de discussão.

“É importante rever nossas próprias concepções e também tomar cuidado para não limitarmos as ações de promoção de saúde e de qualidade de vida somente ao mês de setembro, elas devem ser permanentes ao longo do ano inteiro”, conclui.

A seguir, conheça alguns serviços gratuitos que podem auxiliar educadores e estudantes na prevenção do suicídio e na promoção da saúde mental.

Clínica Escola de Psicologia

Em todo o Brasil, diversas instituições de ensino vinculam-se a centros de atendimento públicos, dando aos estudantes da área da saúde a oportunidade de aprender na prática e ainda ajudar a comunidade. A Clínica Escola de Psicologia oferece serviços de tratamento e diagnóstico em várias frentes, para atender crianças, adolescentes, adultos, idosos e famílias. Geralmente, esse atendimento é gratuito e pode ser encontrado nas universidades e faculdades.

CVV Comunidade

O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma rede de apoio que tem como missão prevenir o suicídio, e atua em campanhas e ações voluntárias há 58 anos. O CVV Comunidade é um dos programas mantido pela rede e tem como objetivo principal aprofundar a conexão com famílias, escolas, organizações e outras instituições presencialmente. A ideia é promover atividades participativas para desenvolver o autoconhecimento e orientar o trabalho da saúde mental. Dentro dessa iniciativa são disponibilizadas ferramentas sociais para serem usadas em diversas frentes: grupo de apoio aos sobreviventes de suicídio (GASS), rodas para reflexão e troca de experiências (CRC), exibição de filmes que tratem da saúde mental (Cine-SER CVV), cursos de escuta ativa e valorização da vida. Saiba mais onde encontrar e como entrar em contato com o projeto na sua região!

Programa Viver com Saúde + Conviva SP

O Conviva SP, Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, é um programa de apoio e acompanhamento das equipes docentes, com o objetivo de fortalecer a rede de proteção social no entorno da comunidade escolar e aproximar serviços de assistência e saúde mental. Já o Programa Viver com Saúde, desenvolvido pela Fundación Mapfre, ajuda a implementar ações para trabalhar saúde infantil, alimentação saudável e prática de atividades físicas. Após a pandemia, o projeto incluiu a saúde mental como um dos eixos principais e, em parceria com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), desenvolveu uma formação voltada para o trabalho de temas como bullying, sinais de depressão, violência e emoções.

A Chave da Questão

A plataforma de consultas online A Chave da Questão, do Núcleo Convivências, disponibiliza publicamente psicólogos selecionados e autorizados para serem escolhidos pelos usuários de acordo com a linha de atuação, especialidade, tempo de exercício da profissão, entre outros critérios. O diferencial da iniciativa é que os atendimentos são feitos totalmente a distância e, durante a pandemia de COVID-19, estão oferecendo serviços de aconselhamento terapêutico online e de graça. Para ter acesso, basta realizar o cadastro na plataforma.

Mapa da Saúde Mental

O Mapa da Saúde Mental é um site que reúne serviços gratuitos voltados para o atendimento psicológico em diversas frentes: para públicos específicos, para a comunidade em geral, para profissionais da saúde, presencialmente e a distância. Na plataforma é possível encontrar informações sobre saúde mental, assistência e contatos de instituições que atuam em todas as regiões do Brasil.

Precisamos falar sobre saúde mental nas escolas
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