Desde 1997 no Brasil, o PEA (Programa de Escolas Associadas) cria uma rede de escolas que trabalham a favor da cultura de paz
“A guerra nasce na mente dos homens e é lá que deve ser combatida.” O conceito levou a UNESCO, agência especializada das Nações Unidas (ONU) para a Educação, a Ciência e a Cultura, a criar o PEA (Programa de Escolas Associadas).
Presente em 180 países, o PEA se envolve nos objetivos da organização internacional, criada após a Segunda Guerra Mundial, com a missão de promover a paz mundial.
Fundado em 1953 no mundo, o programa chegou ao Brasil em 1997 e tem a ideia de criar uma rede internacional de escolas que trabalhem pela cultura de paz. Atualmente 8.500 instituições participam do programa no mundo.
.De acordo com Myriam Tricate, coordenadora nacional do PEA e diretora do Colégio Magno – Mágico de Oz, em São Paulo, as escolas são estimuladas a realizar projetos ligados a um tema anual, proposto pela UNESCO.
“Somos a segunda maior rede de escolas do mundo, com 364 escolas associadas, atrás apenas do Japão. Aqui no Brasil, trabalhamos muito com a mobilização das escolas, promovendo também a troca entre as públicas e privadas, para que não haja divisão”.
A diversidade é uma característica bastante marcante da rede do Brasil, que envolve escolas urbanas, indígenas e do campo, em diversos Estados, promovendo a troca entre todas elas em um encontro anual.
Para Myriam, é justamente a troca que enriquece o programa, inclusive com escolas de outros países. “Realizamos viagens para o exterior e conhecemos outras redes, como a do Japão e a do Canadá. As experiências ampliam muito a nossa consciência”.
De acordo com pesquisa realizada em 2017, 91,2% das escolas participantes acreditam que o programa teve impacto na qualidade pedagógica. Do total, 91,8% acreditam que a escola mudou para melhor, após a adesão ao PEA.
Boa prática
Foi o que aconteceu com o Centro Educacional ETIP, em Santo André, região metropolitana de São Paulo, que participa do programa há três anos. Segundo a Coordenadora Pedagógica Rosangela Santos Silva, após a adesão do projeto, o envolvimento dos alunos e professores aumentou.
“Aderimos ao PEA, pois reconhecemos que o papel da escola vai além de viabilizar a construção dos saberes. É só a partir das ações refletidas e valores bem constituídos que formaremos cidadãos críticos e capazes de argumentar e cooperar com base na realidade”, disse Rosangela.
O que são os ODS
Em setembro de 2015, durante a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável, foi lançada a Agenda 2030 – um plano de ações para as pessoas, o planeta e a prosperidade, buscando também fortalecer a paz universal com mais liberdade.
Países do mundo inteiro se comprometeram a tomar medidas urgentes necessárias para direcionar o mundo para um caminho sustentável, cumprindo 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – os ODS.
São 169 metas que visam estimular ações dos países até 2030, em áreas de grande importância, como erradicação da pobreza e redução das desigualdades.
Atualmente, o ETIP realiza um projeto baseado no tema anual do PEA, escolhido pela UNESCO: 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU. Todas as séries debatem de forma interdisciplinar sobre afrodescendência.
Os professores de cada disciplina escolhem diferentes ODS para abordar o tema em sala de aula, a exemplo da Redução de Desigualdades e Paz, Justiça e Instituições Eficazes. Até as excursões da escola foram pautadas no projeto, com saídas para o Museu Afro Brasil, Museu da Imigração do Estado de São Paulo e Memorial da América Latina.
“Ao trabalharmos os temas da UNESCO, contribuímos para a ampliação da visão de mundo dos alunos”, disse Rosangela. Segundo ela, a partir de visões locais, amplia-se a visão global e internacionalizada, que favorece a compreensão dos fatos que acontecem no mundo.
O sucesso foi tanto que Rosangela levou o projeto para a segunda unidade do ETIP em Santo André, conhecida como Master, onde atua como Diretora Pedagógica. A unidade trabalha pelo primeiro ano com o PEA e já sente avanços.
Além de falar sobre afrodescendência, a unidade também teve como tema o Patrimônio Material e Imaterial da Humanidade, para o Ensino Fundamental II e o Ensino Médio.
“Os professores pesquisam e inovam bastante e os alunos têm a oportunidade de exercitar suas atitudes de empreendedorismo. Ter uma atitude empreendedora significa não ficar parado, criar as melhores chances para si e para a sua comunidade e desenvolver suas melhores habilidades”, disse Rosangela.