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Criada durante a faculdade, a inovação consiste em uma mochila que transforma água impura em água potável. Conheça a iniciativa do Kit Camelo!

Imagem mostra uma senhora em sua casa colocando água em um copo com o uso do Kit Camelo. Ela está acompanhada de um jovem do prejeto Água Camelo

 

Imagine fazer um trabalho na faculdade e esse projeto render resultados que vão além de uma nota para aprovação em uma disciplina? Pois foi isso que aconteceu com o jovem Rodrigo Belli, do Rio de Janeiro. Em 2018, quando ele cursava a graduação em Design de Produto na PUC-RIO, desenvolveu com outros estudantes o projeto Água Camelo. Ele consiste em uma inovação direcionada ao tratamento de água impura e a torna própria para consumo. E o projeto vem beneficiando pessoas que não têm acesso à água potável.

“A partir do estudo do crescimento da urbanização informal na cidade do Rio de Janeiro, percebemos a importância da problemática da água nas comunidades, e Brasil afora. Analisando a rotina da população que não tem acesso à água tratada em suas residências, identificamos quatro etapas necessárias para consumir uma água segura: captação, transporte, armazenagem e filtragem”, explica.

Com esse entendimento, os jovens desenvolveram o Kit Camelo. Ele é formado por uma mochila ergonômica, com capacidade para até 15 litros de água impura e um filtro portátil que elimina até 99,99% de bactérias, protozoários e partículas sólidas. Também conta com um manual de uso e um suporte de parede para o beneficiado pendurar a mochila em sua casa.

“Água limpa é essencial para o desenvolvimento físico e social. Quando pensamos em um impacto em cadeia, projetamos que ao consumir água tratada reduzem as chances de se contrair doenças. Logo, maior será a disponibilidade para a pessoa estudar ou trabalhar. Com isso, é mais propícia a elevação da renda familiar, o que pode fazer uma comunidade inteira se desenvolver”, declara.

Água potável e mais dignidade

O jovem conta que o primeiro Kit Camelo foi entregue na comunidade do Jardim Gramacho, no município de Duque de Caxias (RJ), um ano e dez meses depois que a ideia foi concebida. Mas apesar de o projeto ter sido criado em grupo, com o término da disciplina os outros quatro alunos abandonaram o plano de seguir com a proposta. 

No início de 2019, Rodrigo conquistou o apoio do programa Shell Iniciativa Jovem. Reconhecido pela Unesco, estimula e capacita empreendedores para a criação de negócios sustentáveis e de impacto social. Em fevereiro de 2020, o projeto Água Camelo recebeu o selo de aceleração.

“Durante a pandemia, distribuímos mais de 600 kits em nove estados do país, impactando mais de 4.000 pessoas. Atuamos em centros urbanos, no semi-árido, assim como em casas de apoio aos povos indígenas do Amapá e norte do Pará”, detalha.

Para selecionar as famílias beneficiadas e fazer a entrega dos kits, o projeto conta com o apoio de instituições parceiras. São elas que facilitam o relacionamento da iniciativa com os agentes comunitários que já conhecem os moradores das comunidades e ajudam o projeto a ter o maior impacto possível.

“Dessa forma, buscamos impactar as famílias em situação mais vulnerável dentro de cada local onde atuamos”, afirma Rodrigo.

Inovação que transforma realidades

Antes de se dedicar por completo ao projeto Água Camelo, Rodrigo era skatista. Ele competia na modalidade Downhill, em que o esportista desce ladeiras e aproveita toda sua extensão e largura fazendo manobras.

E apesar de não ter tido contato anterior com outros projetos sociais, ele conta que por meio do esporte pode conhecer as faces da injustiça social. 

“Mas foi só quando comecei a visitar as comunidades ainda na fase de estudos de concepção para o Água Camelo que entendi essa urgência. E nela um chamado para tomar alguma atitude a respeito dessa crise que a gente vive. A partir daí, tenho me dedicado 100% a democratizar o acesso à água tratada no país”, declara.

Quando faz a entrega dos kits, ele conhece todo tipo de história. E escuta muitas palavras de agradecimento ditas pelos beneficiados. Entretanto, é a gratidão envolvendo a fé das pessoas e o sorriso no rosto que elas dão depois do primeiro gole de água potável que mais chamam a atenção do jovem empreendedor.

“Eu nunca fiz nada sozinho. Em cada uma das etapas pude contar com pessoas muito especiais que, sem dúvidas, foram essenciais para estruturar o caminho que a gente vem percorrendo. Os meus sócios e cofundadores, Daniel Ilg e João Manuel Tui, são geniais. Estamos construindo uma história linda, na qual a nossa maior força motriz é dar a certeza para as pessoas que elas vão poder beber um copo de água limpa em suas casas”, comenta.

Para os jovens que também têm o desejo de realizar um projeto em benefício de quem mais precisa, Rodrigo deixa uma dica.

“Cada caminho é um e, certamente, vai ser uma experiência difícil, cheia de altos e baixos, mas extremamente preenchedora de um sentimento de estar desenvolvendo algo em prol de um mundo mais justo”, conclui.

Projeto de jovem do Rio de Janeiro leva água limpa para comunidades de todo país
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