Saltar para o menu de navegação
Saltar para o menu de acessibilidade
Saltar para os conteúdos
Saltar para o rodapé

Especialistas e empreendedores debatem como a relação entre empreendedorismo social, projeto de vida e autoconhecimento podem contribuir com a missão dos jovens no mundo

#Educação#Educadores#Projetodevida

Imagem mostra uma jovem negra sorrindo com as mãos no queixo enquanto olha para a tela de um notebook

O que autoconhecimento, projeto de vida e empreendedorismo social tem em comum? Segundo Hanna Danza, psicóloga e consultora em projeto de vida e habilidades socioemocionais, esses três eixos estão relacionados e são desdobramentos um do outro.

“Antes de decidirmos o que queremos para o futuro, precisamos entender primeiro quem nós somos hoje. Só assim é possível buscar caminhos para alcançar os objetivos lá na frente”, explicou a especialista durante o encontro online Conversas que Aproximam, que aconteceu no dia 24 de setembro, com o tema Empreendedorismo e Projeto de Vida: Como seguir com a minha missão no mundo?

Além de Hanna, o bate-papo contou com Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta; Diogo Bezerra, empreendedor e cofundador das iniciativas PLT4Way e Mais1Code; e a mediação do urbanista e empreendedor social, Edgard Gouveia.

Por que o projeto de vida é importante para o desenvolvimento?

Desde que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Novo Ensino Médio estabeleceram o projeto de vida e o empreendedorismo como aprendizados essenciais para a Educação Básica, muito se tem debatido sobre a implementação de práticas para trabalhá-los no currículo escolar.  Mas para além dos muros da escola, essa decisão reflete também nas perspectivas de futuro e escolha de carreira dos jovens, que passam a desenvolver competências como autonomia, empatia, capacidade de tomar decisões e liderar iniciativas em prol da comunidade da qual fazem parte.

Todas essas habilidades socioemocionais, conhecidas como soft skills, também dizem respeito aos empreendedores sociais, permeando todas as etapas de um negócio: desde o processo de tirar as ideias do papel,  até buscar investidores, gerenciar as finanças e conciliar a vida pessoal e profissional.

Essa perspectiva é confirmada por Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta. “Para chegar onde estou, tive de empreender primeiro em mim mesma. Foi nas relações profissionais que descobri muitas das minhas subjetividades e comecei a estabelecer limites importantes entre a Adriana da Feira Preta e a pessoa física Adriana Barboza”, compartilha.

O objetivo de incluir projeto de vida e as habilidades socioemocionais como parte do ensino básico é trazer o jovem do século XXI para o centro da aprendizagem, desenvolvendo práticas pedagógicas realmente significativas para a realidade do estudante. Cada escola pode escolher como quer incluir esses temas na grade, seja como uma eletiva ou como uma disciplina.

Na opinião de Hanna Danza, esse é um motivo para comemorar, principalmente por conta das vantagens de dedicar um espaço para o autoconhecimento, a reflexão e também para a escuta ativa dos sentimentos que convivem lado a lado com o aprendizado. Além disso, é uma solução para a evasão escolar, que atinge especialmente os estudantes do Ensino Médio.

“Gerenciar os sentimentos que vem da incerteza, como a ansiedade, receio, angústia é um dos maiores desafios para os adolescentes, principalmente em uma fase que envolve tantas pressões internas e externas. Isso afeta, também, o desenvolvimento e é para isso que existe o projeto de vida: para orientá-los nesse processo”, acrescenta.

Autoconhecimento + Autocuidado = Propósito

Sendo o autoconhecimento o primeiro passo para traçar um projeto de vida, no empreendedorismo social essa equação soma mais um fator importante: o impacto. Um negócio que está orientado para um propósito transformador, muitas vezes deixa a  saúde mental do empreendedor em segundo plano.

“Quando a gente está muito ocupado olhando para o outro, esquecemos da gente. Durante muito tempo minha vida estava orientada para o meu negócio. Percebi que era uma dificuldade minha e decidi trabalhar isso na terapia. Hoje tenho horário e disciplina para tudo: para trabalhar, para fazer exercícios, para namorar, para ter uma vida pessoal”, conta Adriana Barbosa, que foi uma das brasileiras indicadas para a lista de 22 Inovadores Sociais do Ano no mundo.

Além do autocuidado, um dos principais desafios de Adriana foi conciliar impacto social e rendimento. Por muito tempo, conta a empreendedora, ela teve de se desdobrar entre muitos empregos para conseguir tocar paralelamente a Feira Preta, até decidir fazer do negócio social um meio de vida. Isso também aconteceu com Diogo Bezerra, 27, um dos fundadores do PLT4Way.

“Para um jovem de quebrada lidar com a possibilidade de errar e quebrar é especialmente difícil. Não tive ideias para dois negócios, um que gera dinheiro e outro transformação social, tive que aprender como balancear as duas coisas. Tenho um desejo genuíno de abrir espaços para jovens periféricos e, por isso, tenho que olhar para esse processo bem definido para não perder o equilíbrio”, conta o empreendedor.

Quando olha para trás e analisa sua trajetória, Diogo lembra que o seu principal objetivo sempre foi transformar vidas através da educação, especialmente com o diferencial que abriu portas para ele: o inglês. O negócio, que foi idealizado em 2016, formalizado no ano seguinte e incubado pelo Pense Grande (programa da Fundação Telefônica Vivo), continua a oferecer o ensino gratuito do idioma para estudantes da periferia de São Paulo.

Para incentivar essa jornada de descoberta rumo ao projeto de vida e transformação social dos jovens, o Pense Grande da Fundação Telefônica Vivo oferece uma formação em empreendedorismo 100% online, gratuita e gamificada. O aplicativo Pense Grande Digital está disponível no seu celular Android ou IOS e os clientes Vivo poderão acessar o app sem consumir o plano de dados, seja ele pós ou pré-pago. Mas lembrando que, independentemente da operadora, o conteúdo e o download do aplicativo são gratuitos!

O fator pandemia

Além de enfrentar desafios como fazer uma boa gestão financeira, escolher sócios e parceiros e encontrar espaço para o autocuidado, a pandemia de coronavírus trouxe um fator a mais de preocupação para os empreendedores. Isso sem contar a incerteza que lançou sobre o futuro dos jovens estudantes.

A especialista Hanna Danza conta que sua carga de trabalho como consultora aumentou consideravelmente, visto que a implementação da BNCC, prevista para 2020, teve de ser redesenhada durante o isolamento social. Para Diogo Bezerra, este ano também trouxe a necessidade de intensificar os estudos e o trabalho para repensar em maneiras de manter o negócio ativo.

Já Adriana Barbosa, compartilha que teve de adiar todos os planos para o ano, já que a Feira Preta é um evento presencial em larga escala, que reúne e conecta afroempreendedores de toda América Latina. Ainda assim, reinventar as iniciativas para o ano de 2020 fez com que o negócio alcançasse uma outra dimensão de transformação.

“Percebi que para desenvolver o que acho importante para minha causa, preciso me aliar com outros empreendimentos que tem mais experiência para complementar o meu trabalho. Não é uma tarefa fácil, estamos sempre alinhando expectativas, mas também conseguimos resultados mais assertivos”, conta a empreendedora, que também é uma das organizadoras do Fundo Éditodos, que captou 1,7 milhão para investir em pequenos empreendedores, sobretudo em mulheres negras na faixa etária de 50 a 100 anos.

Projeto de Vida Ativo

Reunimos algumas dicas levantadas pelos convidados durante o encontro, que podem contribuir para a construção de um projeto de vida alinhado ao empreendedorismo social.

Observe a si mesmo → Um projeto de vida passa pelo autoconhecimento, então o primeiro passo é identificar como você reage diante das situações de imprevisibilidade, quais são os principais sentimentos que te movem, como você se organiza.

Questione os padrões → O segundo passo é entender as suas expectativas para o futuro e escolher quais desses padrões de comportamento devem ser mantidos e quais deles devem se transformados para que você atinja os objetivos.

Alinhe as expectativas → Seja recebendo críticas de familiares ou amigos ou no momento de escolher sócios e parceiros, alinhar as expectativas é sempre importante para que você não se distancie do seu propósito e ao mesmo tempo saiba lidar de forma saudável com as pessoas ao seu redor.

Escolha uma atividade de autocuidado regular → Sobretudo em tempos de incerteza, ter um espaço dedicado ao autocuidado é fundamental para manter a motivação. A ideia é ter, no dia, um momento para fazer uma atividade que traga bem-estar. É importante se certificar de que essa atividade seja feita com regularidade e frequência, como parte da rotina.

Projeto de vida: autoconhecimento e transformação social a favor do empreendedorismo
Projeto de vida: autoconhecimento e transformação social a favor do empreendedorismo