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Mesmo com muitos desafios para seguir nos esportes radicais, Isa Corleone já foi tricampeã estadual e mira nas Olimpíadas de 2024. Conheça sua história!

Imagem mostra a jovem skatista Isa Corleone. Ela está fazendo uma manobra aérea com o skate em m local que parece ser um parque. Usa calça e camiseta na cor azul escura. Ela tem cabelos longos e usa óculos.

 

Isabela Marques é conhecida nas pistas de esportes radicais como Isa Corleone. Aos 22 anos, ela se tornou uma referência feminina do skate piauiense. A atleta já representou o Piauí em diferentes competições e foi campeã estadual na modalidade por três vezes. Suas primeiras voltas em um skate aconteceram aos 15 anos de idade, inspiradas pelo irmão skatista. Depois de muitas quedas, derrotas e uma boa dose de autoconhecimento, Isa percebeu que essa era sua paixão e algo que ela gostaria de fazer para o resto de sua vida, fazendo desse sonho um projeto de vida.

Natural de Goiânia (GO), a jovem se mudou para Teresina (PI) aos 16 anos, quando decidiu encarar as pistas no Parque Potycabana.

“Aprendi com as quedas e não me deixei abater. Vendo os meninos andando, fui pegando o jeito. Mas como não tinha muita referência, aprendi acompanhando tutoriais na internet”, relembra.

Isabela frequenta as pistas de skate em companhia dos amigos, que são receptivos com as poucas mulheres skatistas da cidade. Ela não se intimida com as dificuldades, nem mesmo com os olhares diferentes dos espectadores.

“Apesar de sermos poucas, não posso dizer que enfrentei grandes preconceitos ao estar com meu skate rodeada por meninos. Na verdade, nunca dei muita trela para isso. No começo surgiam algumas piadas, mas nada que me fizesse desistir. Com o tempo, eu só recebia apoio”, comenta.

Com os bons resultados nos eventos locais, ela passou a receber convites para competições, que se espalharam por todo o Nordeste, chegando até São Paulo. Mas para conseguir ir mais longe, ela enfrenta o seu maior obstáculo: a falta de patrocínio. Devido às condições financeiras, Isa se desdobra para seguir com o seu objetivo.

Trabalho no pet shop, mas foco no skate

Isa Corleone mora em Teresina com a mãe. De família humilde, seu maior incentivo para esportes radicais vem de casa. Com as dificuldades em custear as viagens para participar dos campeonatos, ela trabalha como tosadora em um pet shop e divide o seu tempo entre o emprego e os treinos.

“Trabalho das 8h às 17h. Depois sigo para os treinos. Ainda atendo em domicílio antes ou depois do meu horário de trabalho. Confesso que às vezes estou muito cansada. Mas tento manter o foco”, conta.

Como a mãe está desempregada, ela é a única renda da família. Então, conta com a ajuda de outras pessoas para viajar e seguir nas competições.

“O salário é só para as contas. Para o skate, conto apenas com a ajuda de amigos conhecidos. Faço vaquinha nas redes sociais e peço apoio, mas nem sempre consigo”, lamenta.

Isa participou do Campeonato Brasileiro de Skate, em 2019, ao lado de Rayssa Leal – a famosa “fadinha” – e toda a elite do skate nacional. O 18º lugar que conquistou na competição não permitiu que ela avançasse nas etapas.

“O STU Open foi a maior conquista da minha vida. Você não imagina a minha emoção de chegar tão perto de uma Olimpíada. Competi com a Rayssa e com as melhores do Brasil. Foi um prazer muito grande”, diz.

Isa segue esperançosa de que toda a sua dedicação valerá a pena na busca por seus objetivos.  “O que eu pretendo para a minha vida é viver só de skate e nada vai me fazer parar”, diz entusiasmada.

De olho nas Olimpíadas de Paris 2024

É no STU Open que 24 atletas, de todo o Brasil, se reúnem e participam de três etapas com a possibilidade de conquistar uma vaga para os Jogos Olímpicos. Além de pontos no ranking, a premiação em dinheiro é boa para o vencedor.

Foi a partir dessa competição que Kevin Hoefler e Rayssa Leal chegaram às Olimpíadas de Tóquio, conquistaram duas medalhas de prata no skate street e emocionaram todo o país.

“Essas medalhas mudaram a visão das pessoas sobre o skate e isso é muito positivo. Mas, principalmente as meninas, precisam de mais incentivo para seguir o skate”, afirma Isa.

A skatista deseja participar novamente dessa etapa que, este ano, acontecerá no Rio de Janeiro. Com ainda mais experiência e entusiasmo, ela se prepara para representar o Piauí na competição.

“Vou continuar com os treinos e participar das etapas que vão vir, me virando com os amigos que posso contar. Mas vou depender de patrocínio e outros apoios. Vai dar um trabalho gigantesco chegar lá, mas é só não desistir. É cair e levantar quantas vezes for preciso. Se você tem um sonho, tem que continuar persistindo”, revela.

Para as meninas que querem seguir na carreira em um esporte dominado por homens, ela deixa uma lição que aprendeu.

“Vocês não têm que ter vergonha de andar e cair na hora de aprender. Sei que o fato de ter muito homem na pista pode inibir, mas não deixem isso parar vocês. Temos que ter coragem para evoluir. A regra da vida é nunca desistir”, finaliza.

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