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Iniciativa em São Paulo mostra que o espaço feminino na tecnologia é um direito e deve ser respeitado.

Iniciativa em São Paulo mostra que o espaço feminino na tecnologia é um direito e deve ser respeitado.

Não é difícil perceber: quando se fala em programação, o assunto abrange mais a área masculina do que a feminina. E isso fica ainda mais evidente quando o retrato é feito na universidades. Em salas dos cursos relacionados à computação, apenas 15% são mulheres, conforme estima o censo da Educação Superior de 2013.

Mas o debate tem mudado. E entre novas vozes que defendem a equidade de gênero está Iana Chan, fundadora do PrograMaria. O projeto, que oferece curso de programação e foi criado em 2015, é totalmente voltado para mulheres. Só no mês de junho, por exemplo, a primeira chamada recebeu 977 inscrições para uma turma que conseguiu abrigar 30 estudantes. “Muitas pessoas falam que essa minoria feminina está relacionada à falta de interesse. Mas não é isso. É uma questão de falta de estímulo. Muitas dessas meninas acreditam que aquele ambiente não é para elas, que matemática é coisa de homem. Isso tem ligação com a questão de gênero, que começa na educação infantil quando se ‘decide’ que rosa é para menina e azul para menino”, explica Iana.

Jornalista de formação, Iana conta que, a princípio, seu interesse pelo assunto surgiu por conta da necessidade profissional. “Muitas vezes era necessário solicitar apoio dos desenvolvedores, pois nós não tínhamos conhecimento amplo sobre o assunto. Percebi que, mesmo que mínimo, qualquer conhecimento já adiantaria e eu passei a me virar sozinha e a ter uma certa autonomia.” Quando notou que essa necessidade era algo comum entre outras mulheres, a jornalista passou a se envolver com questões sociais e de gênero. “Faltava a presença feminina quando o assunto é tecnologia e isso me causou um certo incômodo. Afinal, é uma área muito promissora”, enfatiza.

Ligado ao Programaê, projeto da Fundação Telefônica Vivo em Parceria com a Fundação Lemann, o PrograMaria oferece o curso “EuProgramo”, no qual defende que a vontade das meninas em aprender existe e é bem mais forte do que se possa pensar. Mariana Pinheiro, aluna do curso e defensora da participação feminina na área, exemplifica “Eu sempre quis criar uma plataforma virtual no estilo Duolingo, mas, que ao invés de idiomas, ensinasse matemática. O PrograMaria está tornando meu sonho possível!”, diz. “Ao longo do curso eu evolui muito. Agora, eu quero aprender e compartilhar tudo com outras pessoas. Além disso, o debate sobre gêneros fez com que eu passasse a enxergar o meu espaço dentro dessa esfera que é a programação. Eu sou mulher, mas eu posso programar, eu também tenho capacidade e tenho direito e preciso ser respeitada”, ressalta Mariana.

Em meio a todo o processo de consolidação, o PrograMaria recebeu diversos apoios. Um deles aconteceu em dezembro de 2015, na premiação do Mulheres Tech em Sampa, programa que selecionou iniciativas que visam o empoderamento das mulheres. O PrograMaria conseguiu capital para distribuição de bolsas de estudos do curso e R$ 10 mil para a divulgação do projeto em eventos, palestras e workshops.

Entre os parceiros, também está a Rede Mulher Empreendedora. Claudia Mamede, diretora de comunicação da Rede, esclarece a importância do PrograMaria. “Nós oferecemos mentoria para as meninas do PrograMaria e apoiamos muito a ideia delas. Os eventos oferecidos são um grande sucesso dentro da temática. A presença do sexo feminino dentro da área de tecnologia ainda é uma minoria. Isso que precisa ser mudado. Precisamos inverter esse quadro”, finaliza.

*Crédito das fotos: Carina Oliveira/PrograMaria e Camila Bertho/Programaria 

Projeto PrograMaria ensina e incentiva a presença de mulheres na programação
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