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Lideranças comunitárias e gestores de programas de voluntariado corporativo se reúnem para discutir soluções colaborativas e efetivas de enfrentamento

#ProgramadeVoluntariado#Voluntariado

Imagem de três pessoas, voluntárias, distribuindo mantimentos

Com cerca de 19 milhões de pessoas passando fome no Brasil, mobilizar esforços para garantir a segurança alimentar das comunidades passou a ser prioridade não apenas para os planos de ação de organizações do terceiro setor, mas também para os programas de empresas comprometidas com a erradicação da pobreza, da miséria e o combate à fome no país.

No dia 27 de maio, a rede de empresas e institutos CBVE (Conselho de Voluntariado Empresarial) reuniu os parceiros em um webinário intitulado “Fome e pandemia: o papel do voluntariado corporativo”, com o objetivo de inspirar os programas de voluntariado das associadas a responderem às necessidades dos territórios de forma colaborativa e efetiva.

Desde o início da pandemia, a rede convidou as 17 empresas associadas — entre elas a Fundação Telefônica Vivo — a apoiarem-se em suas ações individuais, tornando-as coletivas.

“Convencionamos que doar tempo, recursos e habilidades é um ato voluntário. A partir disso, entendemos o potencial que a gente tem de construir juntos. Ao compartilhar informações e experiências relevantes, podemos chegar a outras empresas e mobilizá-las a contribuir com o desenvolvimento do voluntariado corporativo”, explicou Karina Pimentel,  gerente de voluntariado na Fundação Telefônica Vivo, e mediadora do webinário.

 

Trabalhar com as comunidades 

Ao longo do evento, sete das associadas apresentaram ações para combater a fome durante a pandemia.

“Entendemos que nesse momento temos que unir forças para oferecer as melhores soluções para as comunidades”, acrescentou Elaine Santana, que está a frente da área de Responsabilidade Social na Braskem. A empresa foi uma das parceiras com a organização Gerando Falcões para distribuir cestas básicas.

Já o Instituto Bradesco e a CEMIG, uniram-se aos municípios e unidades de saúde das regiões onde atuam para acelerar as campanhas de vacinação e arrecadar doações de alimentos. Seja para recolher doações ou para fortalecer estabelecimentos a longo prazo, as parcerias se mostraram elementos fundamentais para alcançar os resultados desejados.

“Resolver o problema da fome e da miséria é uma ação coletiva. A gente precisa de políticas públicas definidas, empresas com responsabilidade social atuando junto de parceiros nas comunidades e um terceiro setor fortalecido para continuar a atuar próximo de quem mais precisa”, resumiu Vandré Brilhante, fundador do CIEDS, organização responsável pela secretaria executiva do CBVE.

Construir um movimento de solidariedade permanente

Além de trazer as ações realizadas pelas associadas, o webinário também contou com lideranças de iniciativas como a Gerando Falcões, a Central Única das Favelas (CUFA) e o Movimento Bem Maior, que têm em comum o propósito de transformar realidades a partir do fortalecimento de ecossistemas para gerar equidade de oportunidades.

“A pandemia é uma espécie de naufrágio geral, mas o afogamento é seletivo. Nas periferias e favelas o isolamento social não pôde seguir adequadamente, porque antes mesmo da crise essas pessoas já estavam isoladas dos direitos básicos como saneamento, saúde pública e educação”, afirmou Preto Zezé, presidente da CUFA.

Para adaptar os serviços já oferecidos pela organização e dobrar o atendimento em ações emergenciais, a CUFA buscou visibilidade na mídia e acionou parcerias para potencializar os programas como Mães da Favela e o movimento Panela Cheia. Ao longo de 2020, foram arrecadados 180 milhões de reais para ajudar uma média de 6 milhões de pessoas.

“O que fica como legado é o aprendizado com as soluções coletivas. Precisamos transformar a solidariedade em um movimento permanente e não momentâneo. Renovar nossa esperança na construção de unidade e fazer dessas conexões algo mais forte do que o próprio vírus”, refletiu.

Ser voluntário pela cidadania

Partindo da mesma perspectiva, o fundador da Gerando Falcões, Edu Lyra, destacou o papel do voluntariado nessa construção, “A única forma de sobrevivência nesse planeta é através da colaboração. O voluntariado é uma ferramenta de transformação. Para fechar a fábrica que produz desigualdade precisa existir uma agenda de parcerias a longo prazo”, concluiu.

A organização que promove desenvolvimento social, cultural e econômico em mais de 700 favelas brasileiras, convidou voluntários do Brasil inteiro para compartilhar conhecimentos através de uma plataforma digital. Além disso, mobilizou parcerias na campanha Corona no Paredão, Fome Não e arrecadou 50 milhões de reais que foram revertidos em cartões alimentação para as comunidades em que atuam.

Já Carola Matarazzo, idealizadora do Movimento Bem Maior, complementou a discussão com a definição do fazer voluntário: “A palavra voluntário vem do latim e quer dizer ‘por vontade própria’, mas eu gosto de acrescentar ‘por um bem comum’. Se as nossas ações por vontade própria não forem em prol de um bem comum, o caminho será mais longo”, apontou.

Há dois anos, a iniciativa surgiu com o propósito de articular a filantropia no país, colaborando com os movimentos de cultura de doação para fortalecer o terceiro setor. Ainda assim, a empreendedora chama atenção para o papel das escolhas individuais, empresariais e coletivas envolvidas na construção de uma normalidade pós-pandemia.

“Meu convite é que a gente possa se voluntariar como cidadãos, reconhecendo nosso papel como parte do problema e da solução. Para desafios complexos é preciso soluções colaborativas, pensadas em rede e com transversalidade de interesses. O novo padrão é entender se uma resposta é boa para todo mundo. Se não for, será preciso reinventá-la”, conclui.

Qual é o papel do voluntariado corporativo no combate à fome durante a pandemia?
Qual é o papel do voluntariado corporativo no combate à fome durante a pandemia?