Entender como os estudantes desta geração pensam e se relacionam com o mundo é o primeiro passo para trazê-los para o centro de uma aprendizagem significativa.
Para eles, responsabilidade social e ambiental são requisitos básicos e os ideais vêm antes de carreiras. Quanto à tecnologia, mais do que um mundo vasto de possibilidades, ela representa uma verdadeira ferramenta de transformação. E como culpá-los pela atenção fragmentada, quando informações sobre os mais variados assuntos estão a um clique de distância? Esses são algumas particularidades relacionadas ao perfil dos jovens estudantes do século XXI.
Os períodos que antes seguiam um padrão de 20 anos, agora caíram para 10 e estão, ainda, suscetíveis a mudanças. Um exemplo disso são as últimas gerações “Y”, “Z” e a mais nova “Alpha”.
Geração Y – Pessoas que nasceram entre 1980 e 2000 são também conhecidos como “Millenials”.
Geração Z – Pessoas que nasceram entre 2000 e 2010.
Geração Alpha – Pessoas que nasceram entre 2010 e 2020.
Embora cada indivíduo seja, ao mesmo tempo, único e plural, existem algumas características comportamentais compartilhadas por uma geração. Com o avanço da ciência e da tecnologia, o período que determina o fim de uma geração e o início de outra está diminuindo cada vez mais. Por outro lado, o distanciamento entre os jovens, seus familiares e seus educadores aumenta na mesma proporção. Essa variação de atitudes e princípios faz com que conflitos entre gerações sejam comuns, criando um eterno embate entre qual é a maneira “certa” ou “errada” de lidar com determinada situação.
A pesquisa “Juventudes, Educação e Projeto de Vida”, reuniu cerca de 1500 jovens para entender como planejam o futuro e qual é o papel da educação na realização destes sonhos. Lançado em junho de 2020 pela Fundação Roberto Marinho (FRM), em parceria com o Plano CDE, o levantamento traça três perfis de acordo com as realidades das juventudes das classes C, D e E, incluindo estudantes que não concluíram o Ensino Básico.
O estudo indica que uma escola que segue um modelo tradicional já não se conecta com a realidade de hoje e aos desafios enfrentados por esta geração. Nesse cenário, as características desses jovens precisam ser consideradas para aproximar o ensino a uma aprendizagem de mais qualidade.
Acolhimento e referências influenciam sonhos
O estudo revela que um dos fatores mais decisivos para a evasão escolar é a falta de acolhimento e de participação no processo de tomada de decisões. 31,2% dos estudantes consideram abandonar os estudos por não se sentirem ouvidos e não receberem suporte necessário para enfrentar os desafios fora dos muros da escola.
Apesar de apoiarem o protagonismo na educação, os estudantes não se esquecem do papel dos professores no processo de ensino-aprendizagem. 1 em cada 3 jovens prefere aulas que tenham presença forte dos educadores e diz que nada substitui a interação social em sala de aula.
Outro aspecto que complementa os dados anteriores é a importância atribuída pelos jovens a uma rede de apoio, que os questione e os inspire a pensar sobre o futuro. Entre os autoconfiantes e pragmáticos, os pais foram as principais referências, correspondendo a 49% e 70% das respostas, respectivamente. Enquanto 85%, entre os desesperançosos, afirmam não contar com nenhuma inspiração.
Práticas pedagógicas voltadas para os jovens do século XXI
Quando perguntada sobre o que mais chama atenção na sua turma de Ensino Médio, a educadora Marcia Farias, da rede estadual de São Paulo, destaca a habilidade de realizar múltiplas tarefas como principal característica. Ao definir os estudantes em uma palavra, ela escolhe: “Conectados”.
A educadora Amilca de Lima Fernandes, professora da rede estadual da Bahia, em Salvador, dá aulas para a mesma faixa etária e tem uma percepção semelhante. “Eles não querem respostas prontas, desafiam e induzem os professores a irem além da disciplina que lecionam”, diz a educadora, mencionando um projeto conduzido com a turma no Colégio Norma Ribeiro (CENOR).
“Fizemos uma pesquisa de campo sobre depressão na adolescência, distribuímos tarefas entre a turma e estudamos juntos. Fiquei feliz quando percebi que eles se abriram para o tema, identificando possíveis sintomas neles mesmos e nos colegas. Foi o meu maior aprendizado com eles”, conta.
Por outro lado, Fátima Medeiros e Walmir Siqueira, ambos educadores da rede estadual de São Paulo, chamam atenção para a dificuldade de engajar os jovens desta geração. Para eles, capturar a atenção e expandir o repertório é o maior desafio para desenhar práticas em sala de aula.
Trazer o estudante para o centro do processo tem se mostrado, na opinião de Amilca, o melhor caminho para uma aprendizagem significativa. Para além do conteúdo, trabalhar habilidades como comunicação, colaboração, criatividade, empatia, autonomia e senso crítico, independentemente da disciplina lecionada, ajuda a mobilizar as competências que o mundo exige deste jovem.
Essa matéria faz parte da campanha da Fundação Telefônica Vivo em celebração ao Dia Nacional do Estudante.
Neste momento em que os jovens também estão se reinventando na aprendizagem, preparamos uma homenagem especial de professores para todos os estudantes do Brasil. Confira o vídeo!