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Alternativas para a melhora do ensino e da aprendizagem nas escolas públicas brasileiras foram debatidas durante o Fórum Reconstrução da Educação, realizado pelo Estadão. Confira!

#Educação#Educadores

Imagem mostra o palco do evento, com cinco palestrantes sentados em cadeiras sobre o palco

Quais os caminhos para que o Brasil retome a trajetória de melhora no processo de ensino e aprendizagem depois das dificuldades enfrentadas por educadores e estudantes no período da pandemia? Essa foi a questão que norteou os debates realizados no Fórum Reconstrução da Educação, promovido pelo Estadão, que contou com a Fundação Telefônica Vivo como uma das parceiras do evento.

Autoridades e especialistas em diferentes áreas da educação se reuniram em São Paulo, no Museu do Ipiranga, no dia 29 de maio, para pensar juntos no cenário atual da educação pública e nas possibilidades de reconstrução.

Nesse sentido, um dos primeiros temas levantados foi a implantação do programa Escola em Tempo Integral. A proposta amplia a oferta em escolas de educação básica de todo o país. “Defendo muito a qualidade desse projeto. Porque será mais tempo de ensino com qualidade de currículo e condições suficientes para estudantes terem conforto para passarem o dia inteiro na escola”, declara Izolda Cela, secretária executiva do Ministério da Educação (MEC) na abertura do evento.

Renata Cafardo e Izolda Cela durante a abertura do evento

Em seguida, Izolda se mostrou confiante por uma resolução positiva para os rumos da consulta pública que vem ocorrendo sobre a reforma do Ensino Médio. “Tive encontros com estudantes para entender qual a revogação que eles querem. E eles desejam uma educação profissional que seja transformadora. Então, penso que vai dar certo porque temos que colocar a escola e os estudantes à frente dos nossos interesses”, afirma.

De acordo com a secretária do MEC, além da Escola em Tempo Integral, a melhora dos níveis de alfabetização e o incentivo à conectividade são os desafios do governo até o fim de 2023.

Meet points da série Reconstrução da Educação 

A série de eventos do fórum Reconstrução da Educação está disponível para ser assistida a qualquer momento. Confira os temas de cada meet point realizado entre 15 e 25 de maio:

Reconstrução da educação: onde estamos? 

Renata Cafardo, Renato Feder, Luiz Miguel Garcia, Vitor de Ângelo e Tabata Amaral (no telão)

De acordo com dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021, houve diminuição na média de aprendizado em todas as séries avaliadas. No entanto, a expectativa de secretários da educação do país é que na avaliação de 2023 os resultados sejam piores, conforme comenta a mediadora do evento, a jornalista Renata Cafardo. Ainda devido aos reflexos da pandemia na educação.

“Vai depender do que foi realizado em cada estado. Mas o meu palpite seria o de um país ‘mais torto’ em termos de resultados. Porque pode ser que em alguns lugares o trabalho foi bem feito, mas que o resultado não apareça neste momento. Então, os efeitos da pandemia ainda serão sentidos”, opina Vitor de Ângelo, presidente do Conselho de Secretários Estaduais de Educação (Consed).

Durante o painel, um dos pontos levantados por Luiz Miguel Garcia, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), foi a gestão dos profissionais que atuam no Fundamental II. Pois, muitas vezes, eles atuam nas redes municipais e estadual de ensino com jornadas parciais. Além disso, o dirigente destacou as dificuldades que existem na formação inicial de professores que, cada vez mais, desconhecem a realidade das salas de aula.

“Mais de 60% dos estudantes que estão em formação para serem professores estão em cursos à distância. Certamente, não é um problema com a modalidade. Mas o problema é quando a modalidade provoca a distância. A formação inicial precisa ter a prática como elemento central na sua atuação”, enfatiza o presidente da Undime.

Renato Feder, secretário da educação do Estado de São Paulo, relata que “diariamente, 1 milhão de aulas são dadas em toda a rede de ensino paulista”. E que para ter resultados positivos na educação, o foco da secretaria é “apoiar as escolas em aulas cada vez melhores.”

Um olhar para o chão da escola 

Para que a reconstrução da educação tenha bases sólidas, é preciso ouvir a voz de quem faz e fez a escola nos últimos anos.

Diretora da Escola Municipal Professor Waldir Garcia, de Manaus (AM), Lucia Cristina Cortez de Barros Santos compartilhou a experiência de estar à frente de uma escola pública que tem como premissa a gestão democrática e participativa da comunidade escolar. De acordo com ela, esse é um caminho para uma educação integral e de qualidade.

“Formamos um grupo de trabalho para pensar como transformar o fazer pedagógico. Afinal, o currículo precisa ser contextualizado, valorizando os saberes dos estudantes. Assim, decidimos romper com a cultura de reprovação, ressignificando tempos e espaços. Humanizar a escola foi o que fizemos para transformar a educação”, detalha.

Renata Cafardo, Lucia Cristina Cortez de Barros Santos e Romildo Júnior

“Vejo que a educação acontece quando conseguimos ligar a vida do estudante ao conteúdo passado em sala de aula”, pontua Romildo Júnior, professor da rede estadual de Minas Gerais, em Vespasiano. De acordo com ele, durante a fase de adaptação do Novo Ensino Médio, estudantes reclamaram da quantidade de matérias da grade curricular. Sobretudo porque queriam aprender sobre o que faz mais sentido para o Enem.

“De fato, é importante a flexibilização dos currículos. Mas a educação básica não pode perder espaço. Disciplinas devem ser ensinadas em sua maestria, valorizando a formação dos professores. Então, quem faz o currículo precisa ouvir o chão da escola”, afirma.

 

Como reconstruir a educação? 

O último painel do Fórum Reconstrução da Educação contou com a participação de Claudia Costin, presidente do Instituto Singularidades, José Francisco Soares, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Priscilla Cruz, presidente-executiva do Todos pela Educação, e Rebeca Otero, coordenadora de educação da Unesco no Brasil. Os especialistas pontuaram os temas prioritários para uma agenda de desenvolvimento do país.

Rebeca Otero, Claudia Costin, Priscilla Cruz e José Francisco Soares

Claudia comentou a declaração que fez recentemente, em que afirma que “nenhum país que se industrializou tem quatro horas de aula por dia”.

“Industrialização no século 21 demanda muito mais mão na massa e um ensino que faz o estudante pensar. Algo que só se faz com tempo, para se fazer bem feito. Então, precisa ser uma escola de tempo integral para que possamos ter uma educação integral, que nos permita competir com Chat GPT e outras tecnologias”, esclarece.

“Quando falamos em tempo integral, devemos falar primeiro com o professor, que é quem se dedica ao acolhimento dos estudantes em uma só escola. Então, precisamos pensar na dimensão do professor na escola o tempo todo”, esclarece o professor José Francisco Soares.

De acordo com Priscilla Cruz, para que a reconstrução da educação seja viável, o caminho a ser trilhado já é de conhecimento de todos. “Não podemos o tempo todo discutir prioridades no Brasil. Afinal, temos o Plano Nacional de Educação (PNE) e devemos debater como essas políticas podem ser implementadas. Dando muito mais atenção ao debate público de como fazer, estudando bons exemplos e entender os fatores que explicam o sucesso e resultado”, declara.

Priscilla acredita que em 2023 três temas devem avançar: a reformulação do Novo Ensino Médio, a educação de tempo integral e a alfabetização. E que duas temáticas merecem ser pautas prioritárias: “a primeira infância é algo que merece atenção, porque é a base de tudo, das relações humanas. Outro assunto é a formação de professores. O país que admite um profissional formado 100% à distância é o retrato do descaso que a gente tem com a educação”, afirma.

“Não existe educação de qualidade sem professor bem formado e bem informado”, conclui Rebeca Otero.

TED Talks 

Entre um painel e outro, as jovens Jhudy dos Santos Souza, estudante do Ensino Médio Técnico na Bahia e conselheira estudantil da Fundação Lemann, e Nina da Hora, cientista da computação e pesquisadora, falaram sobre a importância da educação em suas vidas e como enxergaram as possibilidades para a reconstrução da educação, com a valorização dos professores e o uso das tecnologias.

Jhudy rememorou sua trajetória escolar e a relação de confiança construída com professoras que foram grandes incentivadoras em sua formação educacional. Já Nina da Hora traçou um paralelo entre o uso da tecnologia, a sobrecarga dos professores e as relações humanas. Para a jovem, “a importância da tecnologia não pode ser maior do que a relação que o professor tem com o estudante em sala de aula.”

Reconstrução da Educação: especialistas debatem sobre os caminhos possíveis para a educação pública de qualidade
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