Descubra mais sobre essa profissão que tem tudo a ver com o futuro (e o presente) da educação
Você já ouviu falar sobre a profissão de designer educacional? Há apenas 10 anos na lista do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), ela já é considerada uma das carreiras do futuro. Ou melhor dizendo, do presente, pois em 2017, a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) abriu a primeira turma do país para o Curso Superior de Tecnologia em Design Educacional na modalidade de educação a distância (EAD).
O designer educacional é aquele que facilita o caminho nos processos de aprendizagem. É, sobretudo, um profissional ligado nas competências do século XXI, multidisciplinar, colaborativo, capaz de planejar, coordenar e avaliar processos educacionais com o uso de novas tecnologias.
Com duração de cinco semestres e uma carga de estudo de 20 horas semanais, a graduação da UNIFESP é voltada exclusivamente para a formação desses profissionais, que antes recorriam a cursos de extensão e de pós-graduação para se especializarem na área.
“Para as 30 vagas disponíveis, tivemos 400 inscritos em 2017 e neste ano o número de interessados aumentou para 790”, conta a coordenadora do curso, Paula Carolei.
A universidade agora pretende criar novos modelos para atender a demanda reprimida. “Não é necessário ser professor para ser um designer educacional, mas sim, saber trabalhar com projetos de educação e novas tecnologias com intencionalidade pedagógica”, afirma.
Designer educacional na prática
As ações que envolvem um designer educacional podem ser grandes aliadas tanto dentro quanto fora da escola.
Paula Carolei cita como exemplos de atuação a construção de cursos à distância – com auxílio na parte de recursos digitais e no planejamento dos módulos e disciplinas – e a elaboração de projetos de gamificação.
Fora do contexto escolar, o profissional ainda pode atuar em makers spacers, fab labs ou dentro de empresas com o foco em educação corporativa.
Gislaine Munhoz (foto) foi professora-orientadora de informática por 10 anos até receber um convite para trabalhar como gestora de tecnologias de aprendizagem e formadora de professores na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Atualmente, ela leciona geografia para alunos do Ensino Fundamental na EMEF Professor Rivadavia Marques Júnior, localizada na capital paulista.
Gislaine explica que sempre se interessou por tecnologia e pela ideia de desenhar percursos em que os estudantes tenham consciência e autonomia do seu próprio aprendizado. E para aprimorar a prática, buscou a especialização em design educacional.
“Eu já tinha uma postura de inovar antes da formação e sempre trabalhei com projetos, mas são iniciativas que geram insegurança, por mais que você tenha referências e um cuidado para executá-las. Então cada projeto realizado é uma conquista”, afirma.
A educadora, que passou a inserir jogos digitiais na sala de aula e atividades mão na massa, ainda coordena um coletivo de adolescentes chamado Escola de Aventureiros, cujo objetivo é criar estratégias gamificadas de educação.
Mercado em expansão
Segundo Paula, coordenadora da UNIFESP, a profissão começou a ganhar força no Brasil devido a um maior acesso as novas tecnologias e ao crescimento dos cursos de EAD no país, o que gerou a necessidade de se pensar novos modelos de educação.
Foi justamente esses novos desafios que chamaram a atenção da estudante Victória Irikura. Moradora de Araçatuba, interior de São Paulo, a jovem faz parte da primeira turma de alunos de Design Educacional a distância.
Segundo a estudante de 18 anos, a importância da profissão está em sua contribuição na construção do saber, da cidadania e dos próprios indivíduos, além da buscar inovação e estimular a curiosidade e interesse pelo conteúdo.
‘’A profissão é um convite a se romper barreiras e criar novas formas de ensino e aprendizagem para facilitar e tornar mais eficaz a construção de novos conhecimentos, buscando a participação e protagonismo de todos os envolvidos” diz.
Designer Educacional x Designer Instrucional
A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) considera Designer Educacional e Designer Instrucional como termos sinônimos. A profissão foi oficialmente reconhecida em 2008, pela lista do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS).
Paula explica que o termo vem do inglês “instructional design” e tem o sentido de uma ação pedagógica planejada. “A diferença é que no Brasil a nomenclatura de designer educacional passou a ser utilizada como um conceito mais amplo de educação”, justifica.