Feira de Ciências consolida resultados do 1º laboratório digital do projeto Escolas Rurais Conectadas implantado em 2013 na Escola Municipal Zeferino Lopes de Castro.
Quais são as peças componentes de um avião? Por que as lontras nadam dando rodopios? Como se forma o leite no corpo da vaca? A partir dessas curiosidades dos estudantes das séries iniciais do Ensino Fundamental, na Escola Municipal Zeferino Lopes de Castro, em Viamão (RS), foram surgindo os embriões dos projetos que eles apresentariam na Feira de Ciências, realizada no dia 21 de novembro, para marcar o fechamento do ano letivo.
Respostas criativas e engenhosas foram encontradas pelos “curiós” – como são carinhosamente chamados por seus professores os alunos de 6 a 10 anos da unidade escolar. Os colegas mais velhos, de até 17 anos, chegaram a soluções para desafios enfrentados na região. “Como a aprimorar a triagem do gado?” foi a questão que motivou a programação de um chip a ser preso à orelha do animal, como forma de facilitar o monitoramento do seu peso.
Estes são apenas alguns exemplos entre os projetos inovadores exibidos com fluência pelos alunos no decorrer da Feira. Engajados, eles tiveram liberdade para escolher temas ligados ao próprio contexto, de uma cidade com tradição rural, e esperavam ansiosos o seu momento de se dirigir aos visitantes.
À disposição, tinham o laboratório digital implantado há dois anos na escola pela Fundação Telefônica, no contexto do projeto Escolas Rurais Conectadas (ERC). Em parceria com a prefeitura de Viamão e a Secretaria de Educação, uma conexão de fibra ótica de alta velocidade foi instalada no local. Depois, os alunos ganharam tablets e netbooks, além de kits de robótica.
Resultados positivos
Como relatou a ex-secretária de Educação de Viamão, Maria Clarice de Oliveira, professores que estavam prestes a se aposentar mudaram de ideia porque se entusiasmaram com a oportunidade. Apenas em 2013, o primeiro ano de projeto, eles participaram de 31 oficinas.
A proposta era integrar os recursos tecnológicos – dos mais simples, como a pesquisa na internet, aos mais complexos, como elementos de programação – à realidade e aos saberes locais. “Sentimos que o aluno aprende de maneira diferente, o que traz um resultado muito positivo”, afirmou a diretora Rosa Stalivieri.
Trazer os pais de alunos, antes pouco participativos, para perto da escola, é um dos méritos do projeto. A mãe de uma das estudantes, Margela Ângelo, afirmou que o acesso à tecnologia foi a maior conquista da comunidade. “São empreendedores!”, destacou, mencionando iniciativas sobre o lixo, o trânsito e outros, desenvolvidos por eles.
“É o caso exemplar de um menino que tem paralisia cerebral e só pode estudar com computador”, relatou a diretora. “Em função disso, os pais compraram um sítio aqui perto e o aluno passou a frequentar a escola.” Na Feira, ele integrou o grupo que apresentou as diferenças entre os mangás e animes, técnicas de animação japonesas.
Inspiração para a mudança
De acordo com a gerente de projetos sociais da Fundação Telefônica, Mila Gonçalves, “é gratificante testemunhar o potencial dos alunos de criar soluções que melhoram seu dia a dia no campo quando têm à disposição tecnologias avançadas como a fibra ótica”. Mila prestigiou a Feira de Ciências com outros integrantes da equipe da Fundação e representantes do Ministério da Educação, da Secretaria Municipal de Educação de Viamão e de parceiros do projeto, como a LEGO, Intel, UNESCO e Huawei.
Os projetos dos alunos foram avaliados por um grupo de jurados e três deles, selecionados como os melhores, receberam um kit escolar com mochila, pen drive, caderno, garrafa térmica e outros itens.
Independentemente da premiação, o clima geral entre os participantes, reconhecidos com medalhas de participação, ficou visível no gesto de uma das “curiós”, que, mesmo não tendo sido finalista, ao fim do evento abraçou suas colegas como se fosse medalhista olímpica.
Conheça os resultados deste laboratório no Relatório de Sistematização disponível em nosso acervo.