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O uso de tecnologias educacionais em prol de um futuro com mais diversidade e inclusão foi um dos temas debatidos no festival enlightED 2022.

#Educação#EnsinoMédio

Em uma sala de aula, um estudante negro conversa com um estudante com síndrome de down, em frente a um laptop aberto

Com a tecnologia cada vez mais presente no universo da educação, naturalmente os debates sobre as formas e estratégias com que ela deve ser utilizada também cresceram. No Brasil, o governo federal recentemente sancionou a Política Nacional de Educação Digital, ao mesmo tempo em que a percepção sobre a importância da tecnologia educacional é cada vez maior. Nesse cenário, ganha relevância a discussão sobre como o uso dessas ferramentas, práticas e recursos digitais pode apoiar as instituições de ensino a promoverem diversidade e inclusão, de modo que elas sejam a base para a construção de um futuro mais equitativo e igualitário para a sociedade.

 

Relatório sobre equidade e inclusão na educação 

Lançado no final de janeiro pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o relatório “Equidade e inclusão na educação: encontrando força por meio da diversidade” identifica seis etapas primordiais para que os sistemas de educação possam promover a equidade e a inclusão. Entre elas, está a identificação das necessidades dos alunos, tendo os educadores e gestores o papel de apoiá-los e de monitorar seu progresso.

O relatório defende que garantir que os alunos recebam o suporte adequado também pode incluir o fornecimento de tecnologias digitais e assistivas relevantes, que possam ajudá-los a superar as barreiras de aprendizado, além de apoiar seu bem-estar.

 

O impacto da tecnologia no ensino 

A discussão sobre como a tecnologia pode apoiar a educação a ser mais diversa e inclusiva também marcou presença no enlightED, festival global organizado pela Fundação Telefônica Vivo em novembro de 2022. Reveja os principais destaques do evento.

Para o professor carioca Doug Alvoroçado, um dos painelistas do enlightED Brasil, quando o tema é tecnologia na escola, deve-se falar também de letramento, além de fatores econômicos e sociais, pois são os desafios para que ela torne o mundo cada vez melhor. “A tecnologia é um instrumento para que essa transformação aconteça, mas precisa ser bem utilizada e administrada. Ou seja, não basta ter tecnologia e o seu uso não ser revertido na melhora da educação”, aponta.

Para ele, que participou da mesa “Como apoiar os professores no desenvolvimento das competências digitas”, as formas como essa tecnologia será utilizada definirá as oportunidades de melhora na aprendizagem. “Ela atualiza a escola diante do trabalho e da sociedade, cria oportunidades de protagonismo para os estudantes, digitaliza o mundo de forma natural e apresenta recursos que podem ampliar o repertório e o espectro de aprendizagem.”

 

Tecnologia e acessibilidade 

Apesar de o acesso à tecnologia ser um fator importante para a criação de sociedades mais inclusivas e diversas, ainda há lacunas sobre quem se beneficia desses avanços. “De maneira natural, a tecnologia deveria ser uma ferramenta de fortalecimento da inclusão social. Ao mesmo tempo em que a pandemia acelerou o seu uso, ela também expandiu uma brecha que já existia: há pessoas que são favorecidas e tem vantagens nessa inclusão, tanto na educação como no trabalho”, argumenta Oliver Trejo, especialista em direitos trabalhistas. Ele foi um dos painelistas da edição mexicana do enlightED, participando da mesa “Tecnologia para mudança e inclusão social”.

“A tecnologia digital como meio deve estar acompanhada de ferramentas de acessibilidade, para que todos os segmentos da sociedade possam ser incluídos socialmente em diversos âmbitos”, defende Oliver.

Para Francesca Munda, da Faculdade de Educação da Universidade Anáhuac, falar de inclusão na educação é algo bastante complexo. “Ela deve ser vista como a soma de presença, pertencimento e participação de todos os tipos de estudantes – ou seja, não se trata somente de estar presente em um espaço físico ou virtual, mas sim que as pessoas possam fazer a sua melhor participação nesse espaço”, define.

 

Formação em cidadania digital 

Diante desses desafios, a formação em cidadania digital é algo cada vez mais necessário, já que existe uma barreira sobre como o usuário – principalmente o jovem estudante – pode usar as ferramentas digitais de forma produtiva, segura e eficiente.

“As instituições de ensino são responsáveis pela formação de jovens que utilizem a tecnologia para o bem comum, para a transformação da sociedade e com finalidade ética, equitativa e solidária”, defende Francesca.  “A formação em tecnologia não é suficiente sem a formação humanística.”

“A tecnologia tem o potencial de ser uma ferramenta poderosa para a mudança social, mas deve ser projetada com a inclusão social em mente para garantir que não prejudique as populações vulneráveis”, conclui Oliver.

 

Diversidade e inclusão para além da sala de aula 

E o que pode ser realizado dentro da sala de aula, na perspectiva da inclusão? “Educadores tomam decisões sobre quais materiais usar e como administrar esse espaço. É fundamental que eles façam o planejamento levando em conta a inclusão”, observa a vice-presidente de educação da Harvard Business Publishing, Ellen Desmarais, durante a  mesa “Boas práticas para uma educação inclusiva”, organizada pelo enlightED na Espanha.

Olhando para além da sala de aula, é importante que a diversidade e inclusão também estejam presentes no corpo docente e nos cargos de gestão e liderança escolar. É o que defende Anne Michaut, professora da HEC France. “A diversidade também é comunicada dessa forma. Para os educadores, é essencial que eles se perguntem o que estão ensinando: como e que materiais usamos para isso? Quais fontes estão sendo utilizadas? Quem são as pessoas que convidamos para participar de nossas aulas? Esse olhar deve levar em conta a inclusão social.”

As painelistas reforçam que as instituições de ensino devem assegurar que o uso de tecnologia escolar não seja um fator que aumente as desigualdades entre os estudantes. “Para isso, há diversas práticas exemplares, como o empréstimo de equipamentos e dispositivos móveis para estudantes de baixa renda por parte da escola”, pontua Anne. “A capacitação de professores para dominar os instrumentos tecnológicos também deve ser uma prioridade, para que eles aproveitem ao máximo esses recursos inovadores de maneira inclusiva.”

Como a tecnologia ajuda a educação a promover diversidade e inclusão?
Como a tecnologia ajuda a educação a promover diversidade e inclusão?