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Confira a nota técnica da Fundação Telefônica Vivo sobre os resultados do estudo que abrange os ensinos Fundamental e Médio de escolas públicas e privadas

#Educação#Estudantes#professores

Na última terça-feira, 6 de agosto, o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) divulgou a nova edição da “TIC Educação, Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas Escolas Brasileiras”, com resultados referentes a 2023.

A pesquisa tem como objetivo investigar o acesso, uso e apropriação das tecnologias digitais em escolas, públicas e particulares brasileiras, que oferecem Ensino Fundamental e Médio. Para isso, foram feitas entrevistas telefônicas com 3.004 escolas entre agosto de 2023 e abril de 2024. De forma geral, três temas principais foram investigados, como indicado pela figura abaixo.

Com relação à conectividade, o estudo mostra que houve pouca evolução em relação a 2022: o percentual de escolas públicas com acesso à internet e com computadores para uso dos alunos em atividades educacionais avançou 1 ponto percentual, chegando a 55% em 2023. Vale destacar que persistem disparidades regionais e socioeconômicas1 relevantes, como pode ser observado na figura abaixo. Enquanto o resultado para o Sul do país chega a 87%, apenas 31% das escolas do Norte têm os mesmos acessos e infraestrutura.

Entre as razões que justificam a ausência de conexão e internet, aparecem (i) falta de infraestrutura de acesso na escola (66% das escolas responderam não ter acesso à internet), (ii) falta de infraestrutura de acesso à internet na região (63%), (iii) alto custo de conexão à internet (52%) e (iv) ausência de energia elétrica na escola (31%). Este último fator é especialmente alarmante, pois o percentual de respostas que apontaram a justificava quase dobrou nos últimos três anos, passando de 17% em 2020 a 31% em 2023.

A pesquisa também traz informações sobre a qualidade da conexão disponível nas escolas, indicando a frequência com que ocorrem interferências na qualidade da internet. Os resultados evidenciam problemas como dificuldade de suportar muitos acessos simultâneos e alcance do sinal, sendo estes mais frequentes em instituições públicas e rurais, como indicado pela figura abaixo.

Para além da conectividade, a pesquisa também explora a preparação dos profissionais da educação para o uso de recursos digitais na sala de aula. Nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa, pouco mais da metade (54%) das escolas havia ofertado formações sobre tecnologia aos professores, como indicado na figura abaixo. Os resultados apontam também para a existência de disparidades consideráveis entre escolas estaduais e municipais.

Dentre os temas abordados nessas capacitações, destacam-se o (i) uso de tecnologias na avaliação do desempenho dos alunos (48% das escolas particulares, 38% nas instituições públicas), (ii) criação de conteúdos educacionais digitais (44% e 30%), (iii) uso de tecnologias no ensino de alunos com deficiência (40% e 29%), (iv) direitos e deveres de crianças e adolescentes na internet (38% e 28%), (v) fake news e o compartilhamento responsável de conteúdos e opiniões na internet (38% e 28%), (vi) licenças de uso de conteúdos educacionais obtidos na internet (34% e 22%) e (vii) linguagem de programação e robótica (22% e 15%).

Informações sobre formação de docentes são especialmente importantes pois apenas o simples acesso e exposição dos estudantes à tecnologia é insuficiente para desenvolver suas competências digitais, tal como previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Apenas profissionais da educação capacitados nesse tema podem orientar seus alunos de maneira eficaz para o uso das TICs e potencializar as oportunidades de aprendizado dos estudantes por meio dessas ferramentas.

De acordo com PISA 2022, o desempenho dos alunos depende diretamente do modo como os dispositivos eletrônicos são inseridos na rotina dos discentes. O relatório da OCDE2 mostrou que, apesar de se distraírem com dispositivos eletrônicos nas aulas de matemática, os estudantes dos países-membros da OCDE, que utilizavam equipamentos digitais por até 1 hora diária para atividades de aprendizagem, tendiam a ter um score 25 pontos mais alto em matemática do que estudantes que não utilizam tais equipamentos. Esse dado reforça a importância do papel do professor e da escola para orientar a utilização dos recursos tecnológicos pelos alunos, indicando os momentos e tempos apropriados para o uso desses dispositivos, garantindo que a tecnologia atue como aliada à aprendizagem.

Neste mesmo bloco, explora-se mais sobre como as unidades escolares têm realizado esse papel. A figura abaixo mostra que algumas medidas já vêm sendo adotadas nesse sentido, tais como limitação ao total de horas que os alunos podem utilizar a internet, bloqueio ao acesso de redes sociais, obrigatoriedade de acompanhamento do uso da internet por professores etc. Porém, há uma considerável disparidade entre escolas, havendo um percentual maior de escolas particulares adotando tais medidas na maioria dos casos estudados.

Fonte: TIC Educação, 2023. Elaboração: Fundação Telefônica Vivo

A pesquisa também traz informações específicas sobre o uso do celular pelos alunos, mostrando que, de forma geral, houve um aumento das proibições sobre o uso desse dispositivo nas escolas nos últimos anos, como ilustrado na figura abaixo.

Embora seja fundamental estabelecer limites para o uso da tecnologia em sala de aula, as proibições devem ser vistas com cautela, uma vez que a abordagem sobre o contato com esses dispositivos e a relação com a educação deve incluir também um olhar às desigualdades de acesso à tecnologia. É importante que as legislações voltadas a abordar esse tema considerem o celular, mesmo diante de seus desafios e limitações, como o dispositivo de maior alcance com potencial aplicação no contexto educacional.

De acordo com o GEM Report3 da Unesco, dois terços das famílias mais carentes em países de renda baixa e média-baixa possuem um telefone celular. Outro dado interessante neste sentido é apresentado pela pesquisa TIC Kids Online4, que mostra que 68,6% das crianças e adolescentes de famílias com renda de até um salário mínimo acessam a internet apenas pelo celular (esse percentual cai para 24,9 em domicílios com rendimento superior a três salários mínimos). Tais informações reforçam que o uso do aparelho para fins pedagógicos, sob orientação dos professores, tem potencial para ajudar a reduzir um ciclo de desigualdades.

Na pesquisa, analisa-se também o uso de sistemas, redes e plataformas pelas escolas, bem como a utilização das informações educacionais. A digitalização dos dados escolares é cada vez mais essencial, pois, além de otimizar diversas atividades de gestão, facilita o monitoramento das informações dos alunos pelos gestores escolares e pelos formuladores de políticas públicas. Em posse desses dados, estes atores podem direcionar melhor a tomada de decisões, realizar implementações mais eficazes e avaliar a necessidade de correções de rota.

Conforme ilustrado na figura abaixo, 81% das escolas pesquisadas utilizam um diário de classe digital e 68% adotam um sistema de armazenamento de dados em nuvem. Os resultados apontam para disparidades relevantes no tema: apenas 59% das escolas municipais, por exemplo, adotam esse recurso de armazenamento. Na região Norte, considerando a média das escolas, o percentual é de somente 42%.

Ainda sobre utilização de dados educacionais na tomada de decisão em relação à gestão escolar, a pesquisa também traz outras aplicações de dados, como apresentado na tabela abaixo.

Outro achado importante diz respeito ao uso de plataformas e ambientes virtuais de aprendizagem nas escolas: os dados de 2023 mostram que 40% das instituições utilizam essas ferramentas, um avanço de 7 pontos percentuais em relação a 2022. A porcentagem de adoção das instituições municipais fica abaixo dessa média, atingindo apenas 28%. Nas escolas particulares, esse resultado é de 58%, enquanto nas públicas estaduais, 54%. Novamente, também são encontradas disparidades regionais significativas, como ilustrado na figura abaixo: as maiores médias de adoção dessas plataformas e ambientes são registradas em São Paulo (57%), Goiás (57%) e Paraná (55%); e as menores nos estados da região Norte.

A pesquisa TIC Educação 2023 oferece um panorama abrangente sobre o acesso, uso e apropriação das tecnologias digitais em escolas públicas e particulares brasileiras de Ensino Fundamental e Médio. Seus resultados destacam temas que ainda necessitam de maior atenção, como a formação continuada de professores, necessária para que estes atores possam direcionar o uso dessas ferramentas na sala de aula de forma adequada. Além disso, os dados apresentados evidenciam disparidades regionais persistentes e diferenças significativas entre escolas por dependência administrativa, com as escolas públicas, em geral, ainda apresentando um atraso considerável na adoção e integração de tecnologias digitais.

Assim, o estudo traz insumos valiosos para profissionais da educação e formuladores de políticas públicas: as informações levantadas permitem uma análise detalhada das práticas atuais e a identificação de boas práticas e desafios. A pesquisa representa assim uma importante referência para a construção de estratégias educacionais mais eficazes e inclusivas, contribuindo para a evolução constante do sistema educacional brasileiro.

Acesse gratuitamente o estudo completo no site do Cetic: Cetic.br – TIC Educação

[1] Os estudantes foram classificados em oito níveis socioeconômicos de acordo com o indicador de nível socioeconômico (Inse) calculado com base nos questionários contextuais do SAEB. O nível I corresponde ao patamar inferior da escala, no qual os estudantes têm dois ou mais desvios-padrão abaixo da média nacional do Inse. Nesse nível, a maioria dos estudantes responde ter em sua casa bens como uma geladeira, uma televisão, um banheiro e um celular com internet, sendo que eles não possuem muitos dos bens e serviços pesquisados. Já o nível VIII corresponde ao patamar superior da escala, no qual os estudantes estão dois desvios-padrão ou mais acima da média nacional do Inse. Nesse nível, a maioria dos estudantes responde ter em sua casa todas as respostas mais altas sobre os bens, ou seja, duas geladeiras, três ou mais quartos para dormir, três ou mais televisões, três ou mais banheiros, três ou mais celulares com internet, dois ou mais computadores, garagem, mesa para estudar, WiFi, máquina de lavar roupa, forno micro-ondas, freezer e aspirador de pó. A escolaridade da mãe (ou responsável) e/ou do pai (ou responsável) é caracterizada por Ensino Superior completo.

[2] OCDE. (2023). PISA 2022 Results (Volume I): The State of Learning and Equity in Education, PISA, OECD Publishing, Paris. Acesso em 07 de 02 de 2024, disponível em <https://doi.org/10.1787/53f23881-en>.

[3] UNESCO. (2023). Global education monitoring report, 2023: technology in education: a tool on whose terms? Global Education Monitoring Report Team. Acesso em 07 de 02 de 2024, disponível em https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000385723

[4] Disponível em: https://cetic.br/pt/pesquisa/kids-online/. Acesso em 06/08/2024.

TIC Educação 2023, nova pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação, traz panorama sobre a adoção de tecnologias digitais nas escolas brasileiras
TIC Educação 2023, nova pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação, traz panorama sobre a adoção de tecnologias digitais nas escolas brasileiras