Evento de aceleração de negócios de impacto social, que tem apoio da Fundação Telefônica Vivo, celebrou as conquistas de empreendedores que estão transformando a realidade de suas comunidades
A 3ª edição do Aceleração Vai Tec – Programa de Incentivo a Iniciativas Tecnológicas chega ao fim comemorando o progresso no desenvolvimento de negócios de impacto social das periferias de São Paulo. Evento realizado na sede da Prefeitura de São Paulo na última quinta-feira, dia 28/03, encerrou o programa que apoia jovens que empreendem com tecnologia.
O Vai Tec é criação da Agência São Paulo de Desenvolvimento (AdeSampa) e da Secretaria Municipal do Trabalho e Empreendedorismo (SMTE), com parceria da Fundação Telefônica Vivo, que deu apoio financeiro e colaborou na elaboração da metodologia para fomentar os negócios sociais, baseada na sua experiência com o Pense Grande, programa voltado para jovens interessados em ampliar suas possibilidades de futuro, a partir do desenvolvimento de empreendimentos sociais.
Ao longo dos últimos seis meses, 24 negócios sociais dos mais variados segmentos e de diversas regiões periféricas de São Paulo trabalharam duro para desenvolver seus empreendimentos, que além de R$ 32 mil de aporte, contaram com mentoria, oficinas de capacitação e assessoria frequente de parceiros como Semente de Negócios, Aliança Empreendedora e Empreende Aí.
A secretária municipal do Trabalho e Empreendedorismo, Aline Cardoso, ressaltou a importância da cocriação entre a prefeitura e os empreendedores de uma política pública de estímulo ao negócio social nas periferias e, na sua apresentação, comemorou alguns números conquistados na 3ª edição do Vai Tec.
O aplicativo Gastronomia Periférica, por exemplo, passou de 70 empresas cadastradas para 570. Já o “Uber da Vila Brasilândia”, Ubra, aumentou em 10% o número de motoristas cadastrados.
“Para além dos números, outros tipos de mudança aconteceram ao longo da jornada, seja ela de mentalidade, de atitude ou até mesmo o entendimento de que o caminho estava errado”, disse Aline Cardoso. “Ajudar as pessoas a desenvolverem seus talentos e potenciais é uma das coisas mais nobres que a política pública pode fazer, portanto, para nós, vocês são motivo de orgulho”, afirmou, confirmando a abertura das inscrições para a 4ª edição do Vai Tec.
O diretor-presidente da Fundação Telefônica Vivo, Americo Mattar, também participou do evento e fez questão de enfatizar aos empreendedores o poder de transformação de cada um dos negócios de impacto social acelerados. “Agora vocês têm o papel de propagar que, sim, é possível empreender para romper com ciclo de pobreza, aumentar as oportunidades e promover mudanças na comunidade”.
Ele cita a pesquisa Juventude Conectada- Edição Empreendedorismo, segundo a qual 74% dos jovens gostariam de ter seu próprio negócio. “Acho que o Vai Tec vai ao encontro dessa necessidade do jovem de se desenvolver para além da empregabilidade. Imagina quantas pessoas são impactadas direta ou indiretamente por um negócio social que dá certo na periferia? Por isso, é fundamental que o Estado brasileiro incorpore esse papel de apoio ao empreendedor social”.
Todos por todos
“O Brasil empreende há muito tempo e a grande massa está na periferia”, lembra Jennifer Rodrigues, uma das criadoras do Empreende Aí. Acelerado na 2ª edição do Vai Tec, a empresa participou em 2018 prestando assessoria aos empreendedores, troca que foi considerada fundamental por muitos jovens.
“O dinheiro foi importante, mas as assessorias foram muito mais porque nos ajudaram a direcionar os gastos, a entender o público-alvo e como deveríamos nos posicionar no mercado e muito mais”, relata Gisele Assis, do Estilo Afro Marketplace, que reúne empreendedores da periferia especializados em moda afro.
“Nós tínhamos várias metas e ideias, mas não tínhamos muita noção de como chegaríamos lá. As assessorias constantes e os encontros foram fundamentais para a gente amadurecer o negócio”, explica Diego Ramos, um dos criadores da escola de inglês voltada para o jovem da periferia PLT4Way, que também foi incubada pelo Pense Grande em 2017 e, em 2018, participou do Pense Grande.doc.
As mentorias também foram fundamentais para o crescimento dos negócios. Bruno Brigida, criador do clube de moda afro por assinaturas Clube da Preta comemora o salto de 200% que seu negócio teve em seis meses. “Nosso faturamento médio era de R$ 5 mil e passou a R$ 25 mil por mês. Foi até assustador! A gente conseguiu descobrir que nossa empresa era bem mais do que imaginávamos”, declarou.
Já para o empreendedor Edson Camilo Leite, fundador do Gastronomia Periférica, a união de todos os participantes foi muito importante para o crescimento de todos e para a criação de uma política pública de apoio ao empreendedor da periferia.
“É bacana a gente perceber que podemos vender produto na quebrada, recolher óleo na quebrada, ter polo de ecoturismo na quebrada, aplicativos que reúnem os negócios da quebrada”, disse listando os negócios de alguns dos 24 acelerados pelo Vai Tec. “Nós já empreendemos há muito tempo, a potência está na quebrada. O que nós precisamos é estar sempre juntos para perpetuar nossas ações”.